SEGUIMENTO DOS PACIENTES COM A DOENÇA DO ENXERTO CONTRA O HOSPEDEIRO APÓS TRATAMENTO COM PRODUTO DE TERAPIA AVANÇADA
INTRODUÇÃO: A Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro (DECH) é uma complicação grave que pode ocorrer após o transplante alogênico de células-tronco hematopoéticas (TCTH), sendo que muitos pacientes não respondem às terapias imunossupressoras convencionais. Neste contexto, a infusão de células-tronco mesenquimais (CTM) tem sido proposta como alternativa terapêutica. OBJETIVOS: Monitorar sistematicamente a evolução clínica e os marcadores laboratoriais nos pacientes diagnosticados com doença do enxerto contra o hospedeiro submetidos a tratamento com produtos de terapia avançada. MATERIAIS E MÉTODO: Este trabalho consistiu no levantamento e na compilação dos dados de um ensaio clínico previamente realizado. Foi um ensaio clínico fase I/II, intervencional, prospectivo e aberto, realizado com sete pacientes acompanhados no CHC-UFPR. Os pacientes, com média de idade de 17,8 anos, receberam três infusões semanais de CTM-MO, com dose de 2×10⁶ células/kg. As CTM foram obtidas de cinco doadores saudáveis e processadas no Centro de Tecnologia Celular da PUCPR, conforme as Boas Práticas de Fabricação. RESULTADOS: O tempo médio entre o TCTH e a primeira infusão foi de 854,6 dias, e o acompanhamento médio foi de 426 dias. As infusões foram bem toleradas, sem eventos adversos graves imediatos. Foram observadas infecções em três pacientes, sem associação direta com a terapia celular. Cinco pacientes (72%) apresentaram resposta clínica completa, com média de 39 dias até a resposta. A resposta foi sustentada em quatro pacientes, enquanto um apresentou recaída após 65 dias. A resposta por órgão mostrou melhora predominante em pele (71%), trato gastrointestinal (75%), olhos (60%) e cavidade oral (28%). A imunossupressão foi reduzida em cinco pacientes, com média de 49% de redução, iniciada cerca de 90 dias após a primeira infusão, sendo mantida com estabilidade clínica. Um paciente faleceu por progressão da DECH pulmonar após 505 dias da primeira infusão, sem relação com o tratamento. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados sugerem que a terapia com CTM-MO é segura, bem tolerada e eficaz no tratamento da DECH crônica refratária, contribuindo para a melhora clínica, na qualidade de vida e para a redução da carga imunossupressora. Os achados reforçam a necessidade de novos estudos clínicos com maior amostra e acompanhamento em longo prazo, a fim de validar a terapia celular como alternativa viável para esta condição de alta morbidade.
PALAVRAS-CHAVE: Imunossupressão; Síndrome de sobreposição; Refratariedade; Células-tronco; Terapia Celular.
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