O CORPO FEMININO: UMA ANÁLISE DA CONCEPÇÃO REDUCIONISTA PATRIARCAL
INTRODUÇÃO: O presente relatório final tem como objetivo analisar criticamente a concepção reducionista patriarcal do corpo feminino, a partir de uma perspectiva filosófica e histórica que mostra a construção simbólica e social da inferiorização da mulher e parte da pergunta: quais são os pressupostos fundamentais dessa ontologia patriarcal que sustentam a definição da mulher como corpo e, consequentemente, como sujeito da falta, da fragilidade e da inferioridade? OBJETIVOS: O presente relatório final tem como objetivo analisar criticamente a concepção reducionista patriarcal do corpo feminino. O estudo tem como objetivos específicos: (i) descrever as condições essencializantes atribuídas ao corpo feminino, especificamente a partir da anatomia, apontadas por Laqueur e Beauvoir; (ii) analisar a formação do discurso patriarcal sobre o corpo feminino, encontradas em Laqueur e Beauvoir, considerando suas especificidades e complementaridades; e (iii) apresentar os elementos fundamentais da visão existencialista do corpo da mulher, livre dos pressupostos patriarcais. MATERIAIS E MÉTODO: A pesquisa escorre em duas obras centrais: Inventando o Sexo (2001), de Thomas Laqueur, e O Segundo Sexo (1949), de Simone de Beauvoir e investiga como, ao longo da história, o corpo feminino foi compreendido como ausência, deficiência ou variação incompleta do corpo masculino uma ideia que se consolida desde Aristóteles e Galeno de Pérgamo até os tempos contemporâneos. RESULTADOS: Laqueur descreve a transição do modelo de “sexo único”, nesta teoria a mulher era vista como um homem imperfeito, para o modelo de “sexos opostos”, em que os corpos femininos e masculinos passaram a ser vistos como essencialmente diferentes e hierarquizados. Já Beauvoir, a partir do existencialismo, discorre sobre a atribuição de uma “natureza feminina” fixa em que a mulher é historicamente construída como o “Outro”, o inessencial em relação ao homem, que ocupa o lugar do sujeito universal, como o homem branco europeu. Ela afirma que “não se nasce mulher: torna-se mulher”, sublinhando que o corpo é uma situação existencial, e não um destino biológico. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Nossa pesquisa mostra como discursos biológicos, filosóficos e sociais políticos contribuíram para a naturalização da redução feminina, reforçando mitos sobre a passividade, a instabilidade emocional e a destinação doméstica da mulher. A análise conclui que, embora o corpo da mulher tenha sido historicamente usado como justificativa para exclusão e dominação, há potencial de liberdade e transcendência. A mulher, como ser situado, pode reconfigurar sua existência para além das amarras da biologia e dos discursos normativos.
PALAVRAS-CHAVE: Corpo feminino; Patriarcado; Ontologia; Existencialismo; Simone de Beauvoir.
Para validarmos seu voto, por favor, preencha os campos abaixo. Alertamos que votos duplicados ou com CPF inválido não serão considerados.