PREVALÊNCIA DOS EFEITOS COLATERAIS DOS ANTIRRETROVIRAIS E IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA DE PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS

INTRODUÇÃO: A terapia antirretroviral (TARV) revolucionou o tratamento da infecção pelo HIV, transformando a doença em uma condição crônica controlável e aumentando significativamente a sobrevida das pessoas vivendo com HIV/AIDS. No entanto, os efeitos adversos associados ao uso prolongado desses medicamentos ainda representam um desafio importante para a qualidade de vida desses indivíduos. OBJETIVOS: Este estudo teve como objetivo avaliar a influência dos efeitos colaterais da TARV na qualidade de vida de pessoas que vivem com HIV/AIDS. Especificamente, buscou-se descrever o perfil sociodemográfico e clínico dos participantes e investigar a associação entre os efeitos adversos relatados e os diferentes domínios da qualidade de vida, utilizando como instrumento o questionário HAT-QoL. MATERIAIS E MÉTODO: A pesquisa foi do tipo transversal, quantitativa, realizada com 95 pacientes adultos em TARV há pelo menos seis meses, atendidos no Centro de Orientação e Aconselhamento (COA), em Curitiba-PR. Os dados foram coletados por meio de entrevistas estruturadas e analisados com auxílio de software estatístico. RESULTADOS: Dos participantes, 52,6% relataram ao menos um efeito colateral associado à TARV, sendo os mais frequentes: alterações de humor, insônia, fadiga, tontura e dificuldade de concentração. Observou-se associação significativa entre esses sintomas e a redução dos escores de qualidade de vida nos domínios funcionamento geral, contentamento com a vida, atividade sexual, percepção sobre a saúde, aceitação do HIV e relação com a medicação. Alguns sintomas menos prevalentes, como vômitos, manchas na pele e perda de peso, também afetaram negativamente aspectos emocionais e sociais, como a preocupação em revelar a doença. Embora a maioria dos participantes apresentasse carga viral indetectável, os efeitos colaterais demonstraram impacto direto sobre o bem-estar físico, emocional e social. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Conclui-se que os efeitos adversos da TARV influenciam negativamente a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/AIDS e devem ser sistematicamente monitorados e manejados nas práticas de cuidado. O reconhecimento precoce desses sintomas, aliado ao suporte psicológico e funcional, é essencial para garantir que o tratamento antirretroviral seja não apenas eficaz, mas também sustentável e compatível com uma vida digna e saudável.

PALAVRAS-CHAVE: HIV; Antirretrovirais; Qualidade de vida; Efeitos colaterais.