O SILÊNCIO IDENTITÁRIO FEMININO EMO CONTO DA AIA (1985 E 2017)
INTRODUÇÃO: O presente trabalho investiga o Silêncio da Alteridade e a sua relação com os signos narrativos presentes em O Conto da Aia, uma “distopia especulativa” escrita por Margaret Atwood em 1985, e adaptada cinematograficamente como série em 2017. A obra se tornou relevante tanto no cenário literário e audiovisual quanto no âmbito social, uma vez que diversas mulheres do movimento feminista ao redor do mundo se apropriaram da imagem da Aia, vestindo-se como uma em protestos a favor dos direitos reprodutivos e pautas humanistas. OBJETIVOS: Tendo isso em vista, o artigo tem como objetivo geral analisar como o silêncio foi utilizado como escolha narrativa para representar a opressão vivida por Offred. MATERIAIS E MÉTODO: Por meio de uma revisão bibliográfica, atingindo o primeiro objetivo, estudamos conceitos que definiam o que é, de fato, o silêncio, e como ele significa por si só. Exploramos os ideais de Eni Orlandi, compreendendo o silêncio fundador, o local e o construtivo, de Daniel Pala Abechecom seus estudos sobre o Tractatus de Wittgenstein, de Eric Landowski sobre a relação do Eu e o Outro e a construção da identidade pela diferença, e de Marie-José Mondzain com suas análises sobre o silêncio violento percebido no mundo real. Logo em seguida, cumprindo com o segundo objetivo, estudamos conceitos de gênero sob a ótica feminista de Judith Butler, e seus aspectos de silenciamento e opressão, relacionados principalmente à confiscação de uma identidade pelo discurso de ódio. Logo em seguida, estudamos os conceitos de semiótica descritos por Peirce com o apoio da didática de Lucia Santaella. Em seguida, atendendo ao terceiro objetivo, realizamos uma análise dos aspectos gerais da obra e uma análise semiótica do livro e da série, encontrando diversos signos narrativos que se conectavam ao Silêncio da Alteridade. RESULTADOS: A última etapa do trabalho se concentrou em compreender como os conceitos estudados conectavam-se com os aspectos gerais da obra e com as cenas analisadas. Percebemos, então, que existem diversos elementos narrativos que ilustram o silêncio identitário vivido pela personagem. Entre eles, está a própria estrutura narrativa do livro e da série, em que a personagem fala somente o que lhe é imposto e esperado, mas pensa constantemente sobre a sua situação, ilustrando o próprio silêncio fundador, além da substituição do nome original da protagonista para Offred, conectando-se aos conceitos apresentados por Butler sobre discurso de ódio, assim como a própria imagem da Aia, vista como um objeto sem identidade e sem diferença em relação a outra, estabelecendo uma relação entre os estudos de Landowski e Orlandi. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Portanto, todos esses elementos foram postos por Atwood de forma proposital para reforçar a opressão vivenciada pela Aia em Gilead e para ilustrar a confiscação de identidade que a protagonista sofre.
PALAVRAS-CHAVE: Semiótica do Silêncio; Signos da Alteridade; Representação de gênero; O Conto da Aia; The Handmaid’s Tale.
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