RISK ASSESSMENT E DUE DILIGENCE DE TERCEIROS EM COOPERATIVAS
INTRODUÇÃO: Em um cenário econômico global cada vez mais pautado pela transparência e pela integridade nas cadeias de valor, este trabalho investiga a aplicação e a maturidade das práticas de risk assessment (avaliação de riscos) e due diligence (diligência prévia) na gestão de terceiros no universo das cooperativas brasileiras. O estudo parte da premissa de que, embora a governança corporativa e os programas de compliance tenham se tornado pilares fundamentais em setores regulados da economia, como o financeiro e o de capitais, sua adoção sistemática ainda se mostra uma realidade incipiente e heterogênea no ambiente cooperativista. Essa lacuna expõe as cooperativas a riscos significativos — financeiros, operacionais, legais e, sobretudo, reputacionais —, que podem comprometer sua sustentabilidade e a confiança de seus membros e da sociedade. OBJETIVOS: Diante deste contexto, a pesquisa buscou responder como as cooperativas nacionais, em seus diversos ramos de atuação, estruturam (ou deixam de estruturar) seus processos de avaliação, homologação e monitoramento de parceiros externos, como fornecedores, prestadores de serviço e outros intermediários. O objetivo foi identificar as principais vulnerabilidades, as oportunidades de aprimoramento e, crucialmente, analisar a viabilidade de adaptar modelos de governança já consolidados em sociedades anônimas para a realidade e os princípios do cooperativismo. MATERIAIS E MÉTODO: A metodologia adotada combinou uma abordagem multifacetada. Realizou-se uma revisão aprofundada da literatura sobre governança, gestão de riscos de terceiros e compliance, estabelecendo um pilar teórico fundamental. Este, foi contrastado com uma análise legislativa comparada entre a Lei nº 5.764/1971 (Lei das Cooperativas) e a Lei nº 6.404/1976 (Lei das Sociedades por Ações), evidenciando as diferenças de exigências normativas. A análise foi substancialmente enriquecida por meio de entrevistas com especialistas acadêmicos e profissionais de mercado, que trouxeram insights práticos sobre os desafios enfrentados. A perspectiva do próprio pesquisador, com experiência no setor logístico, e o estudo de modelos de referência, como os critérios do Selo Empresa Pró-Ética, complementam a investigação. RESULTADOS: Os resultados apontam para uma carência expressiva de mecanismos formais e sistematizados de gestão de terceiros. Práticas essenciais como processos de background check detalhado, a inclusão de cláusulas de integridade em contratos, a exigência de treinamentos anticorrupção e o monitoramento contínuo do desempenho dos parceiros são raramente implementadas de forma estruturada. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A pesquisa conclui que é urgente e imperativo que o setor cooperativista incorpore as melhores práticas de compliance e due diligence, adaptando-as às suas particularidades de governança e cultura. Tal movimento é indispensável não apenas para mitigar riscos, mas para fortalecer a integridade, promover relações mais éticas e transparentes e, em última análise, assegurar a perenidade e a vantagem competitiva que caracterizam o modelo cooperativista no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: Cooperativas; Compliance; Due diligence; Gestão de terceiros; .
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