REPRESENTAÇÕES DA SOCIEDADE BRASILEIRA NA OBRA ANGÚSTIA DE GRACILIANO RAMOS (1936)
INTRODUÇÃO: A obra literária de Graciliano oferece um amplo leque de possibilidades de análise científicas, destacando-se por obras repletas de conflitos sociais e psicológicos. Angústia (1936), como uma de suas obras destacadas por sua escrita intimista e retrato pessimista da realidade, oferece o retrato dos debates intelectuais e do declínio do coronelismo da Primeira República, que serão estudados em vista de compreender o contexto da década de 1930. OBJETIVOS: Realizar um estudo das representações da sociedade brasileira na análise da literatura produzida por Graciliano Ramos, concentrando-se no fenômeno do coronelismo e nos anos finais da Primeira República do Brasil, através da obra Angústia. Pretende-se assim centrar-se na ideia de como os diferentes sujeitos históricos têm diferentes percepções acerca do próprio período em que estão vivendo. MATERIAIS E MÉTODO: A pesquisa tem como linha principal a História Cultural, sendo utilizado o método de análise de representações de Chartier (2001, 2002) para trabalhar a obra literária Angústia (1936) como uma fonte histórica. Primeiro foi realizado um levantamento bibliográfico acerca de pesquisas passadas com o mesmo objeto de estudo, porém dentro de diferentes perspectivas científicas. Em um segundo momento, foi realizado um debate historiográfico acerca do contexto da fonte e de seu autor. Em um terceiro momento, foi realizado um levantamento acerca da metodologia de estudo e análise da fonte literária. Por último, foi realizada a análise da fonte histórica, na qual foi lida a obra literária, de maneira a buscar identificar os aspectos e representações da sociedade brasileira dentro da obra. RESULTADOS: O estudo sobre literatura e modernismo na década de 1930 revela a complexa interação entre as transformações políticas, sociais e culturais ocorridas no Brasil após a Revolução de 1930. Durante a narrativa da obra, foi entendida que a figura de Luís da Silva articula uma crítica à modernidade e às transformações sociais de seu tempo. A dicotomia entre campo e cidade, e a queda do poder de coronéis, são aspectos que se destacam nas representações analisadas da obra. A angústia de Luís, por estar dentro do projeto de vivência do Brasil republicano, demonstra um deslocamento dessa população vinda do campo, que ainda tinha a política baseada no mandonismo de coronéis locais. A elite letrada da época se configura como uma camada da sociedade que consome e participa desse mundo político e que está a par dos acontecimentos e notícias mundiais. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A obra de Graciliano Ramos, fruto do movimento modernista, demonstra o conhecimento do autor no tratamento de debates da época. O autor, através de sua escrita realista e intimista, mescla o imaginário do protagonista junto à uma realidade concreta. Por fim, a literatura romântica, ao mesmo tempo que serve de palco de expressão de seu autor na tentativa de representar realidades ficcionais, demonstra que também pode servir como espelho dessa mesma realidade em que foi concebida, trazendo à luz novas visões acerca de eventos e épocas passadas.
PALAVRAS-CHAVE: Coronelismo; Graciliano Ramos; Modernismo; Elites; Representações.
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