ECOLOGIA ESPIRITUAL: UMA PROPOSTA DE FUNDAMENTAÇÃO PARA A ECOLOGIA INTEGRAL
INTRODUÇÃO: A pesquisa parte da premissa de que a Ecologia Integral demanda o reconhecimento da dimensão espiritual como aspecto fundamental para responder à crise socioambiental contemporânea. A desconexão entre humanidade e natureza, promovida por paradigmas materialistas e predatórios, tem agravado os desequilíbrios ecológicos e existenciais. Nesse contexto, a Encíclica Laudato Si’ (2015) é referência central ao articular espiritualidade, justiça social e cuidado ambiental como elementos interdependentes. A investigação visa subsidiar, teórica e criticamente, a Escala de Valores e Práticas de Ecologia Integral (EVAPEI), desenvolvida pelo grupo de pesquisa ao qual o projeto está vinculado. OBJETIVOS: O objetivo geral foi investigar a dimensão da Ecologia Espiritual no interior da proposta de Ecologia Integral, visando sua fundamentação teórica e sua incorporação à EVAPEI. Entre os objetivos específicos, destacam-se: (1) revisar criticamente a literatura sobre Ecologia Espiritual; (2) construir uma matriz conceitual que articule espiritualidade, sustentabilidade e justiça socioambiental; e (3) elaborar e justificar assertivas que expressem adesões e resistências a tais valores, para futura aplicação na EVAPEI. MATERIAIS E MÉTODO: A metodologia adotada foi qualitativa, teórico-conceitual, baseada em revisão de literatura e análise crítica de 24 textos acadêmicos selecionados a partir do descritor “Ecologia Espiritual” em bases como SciELO e Google Scholar. Os textos foram fichados segundo modelo próprio e analisados em suas relações com quatro dimensões da Ecologia Integral: ambiental, política-social, mental e integral. A análise resultou em categorização de práticas, valores e crenças “consonantes” ou “dissonantes” com a Ecologia Integral, à luz de excertos da Laudato Si’ e dos textos estudados RESULTADOS: A análise permitiu identificar que a Ecologia Espiritual se articula fortemente às demais dimensões da Ecologia Integral, oferecendo fundamentos ético-espirituais para a promoção do bem comum, da sustentabilidade e da transformação cultural. As assertivas desenvolvidas foram classificadas segundo seu alinhamento com os princípios da Encíclica e da literatura estudada. A dimensão ambiental destacou práticas de simplicidade, interdependência e responsabilidade no consumo. A dimensão política-social enfocou justiça ambiental, crítica ao modelo econômico predatório e intersecções entre desigualdades sociais e degradação ecológica. A dimensão mental reuniu valores como compaixão, gratidão e responsabilidade ética ampliada, apontando a espiritualidade como instrumento de resiliência, transformação e pertencimento planetário. Por fim, a dimensão integral promoveu uma visão unificadora das anteriores, centrada no biocentrismo, na valorização de saberes tradicionais e no cultivo de uma ética do cuidado. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A pesquisa confirma a relevância e urgência da Ecologia Espiritual como componente estruturante da Ecologia Integral, oferecendo subsídios teóricos e práticos para sua implementação em políticas públicas, educação ambiental e projetos comunitários. A fundamentação obtida sustenta a inserção dessa dimensão na EVAPEI, contribuindo para sua validação e aplicabilidade futura. A espiritualidade, compreendida como prática de transformação individual e coletiva, emerge como chave para a superação do paradigma antropocêntrico, constituindo uma via promissora para a reconstrução de vínculos entre humanidade, natureza e cosmos
PALAVRAS-CHAVE: Ecologia espiritual; Ecologia integral; Sustentabilidade; Consciência; Ética.
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