LACTATO NO CÂNCER: DE SAPO À PRÍNCIPE ENCANTADO
INTRODUÇÃO: Variadas evidências demonstram que o lactato e a lactato desidrogenase são substâncias intimamente envolvidas em diversos processos de sinalização celular, superando conceitos prévios que os limitavam ao produto e catalisador do metabolismo da glicose, respectivamente. Atualmente, no entanto, admite-se que tanto o lactato quanto a enzima que o produz (lactato desidrogenase) estão envolvidos em inúmeros processos biológicos nas células cancerígenas, incluindo a proliferação tumoral. Dessa forma, variados estudos avaliam o emprego dessas substâncias como marcadores prognósticos no câncer, dentre os quais destacam-se o de mama, próstata e pulmão. No entanto, a literatura diverge amplamente tanto entre os valores considerados como pontos de corte quanto com relação à significância dessas substâncias nesse contexto. Por isso, a determinação do valor prognóstico do lactato e da enzima lactato desidrogenase permanece incerta, exigindo esforços adicionais que busquem alinhar os resultados dos estudos e alcançar um consenso geral e específico para esses marcadores no câncer. OBJETIVOS: Neste estudo, objetivou-se investigar o valor do lactato e da lactato desidrogenase séricos como biomarcadores prognósticos no câncer de pulmão, mama e próstata a partir de uma revisão integrativa da literatura médica em um recorte temporal de 10 anos. MATERIAIS E MÉTODO: Esta revisão integrativa foi realizada a partir da coleta de dados em três bases bibliográficas: PubMed, Embase e Cochrane Library. As referências foram inicialmente avaliadas em sequência por título e resumo. A seleção final de dados foi realizada a partir da leitura integral dos textos, seguindo um fluxograma de triagem e seleção definido conforme o protocolo PRISMA 2020 adaptado. RESULTADOS: A análise do lactato e da lactato desidrogenase séricos foi organizada segundo os três tipos tumorais estudados. No câncer de mama, embora os estudos fossem limitados em número e variedade metodológica, níveis elevados desses marcadores demonstraram associação com pior sobrevida geral, sobrevida livre de doença, sobrevida livre de recidiva e sobrevida específica ao câncer de mama. Para o câncer de próstata, apenas um estudo avaliou o valor prognóstico da lactato desidrogenase sérica no carcinoma de próstata neuroendócrino, sem encontrar associação com sobrevida geral. No câncer de pulmão, a lactato desidrogenase sérica demonstrou consistente associação com pior prognóstico em múltiplos estudos, com destaque para o câncer de pulmão de pequenas células, destacando-se como marcador prognóstico independente em sobrevida global e sobrevida livre de doença. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Embora o lactato e a lactato desidrogenase sejam biomarcadores acessíveis e promissores, as evidências disponíveis sobre seu valor prognóstico no câncer de mama e de próstata permanecem limitadas e inconclusivas. Com relação ao câncer de pulmão, a lactato desidrogenase sérica demonstrou maior volume de dados e maior evidência de associação com desfechos clínicos em detrimento do lactato. Dessa forma, as lacunas metodológicas e a escassez de estudos sobre o lactato, bem como a insuficiência de dados no câncer de próstata, ressaltam a necessidade de aprofundamento de investigações acerca desse marcador e desse tipo tumoral especialmente, permitindo a definição de seu valor na prática oncológica.
PALAVRAS-CHAVE: Neoplasmas; Tumor de pulmão; Tumor de mama; Tumor de Próstata.
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