A (IN)VISIBILIDADE DA POPULAÇÃO NEGRA NAS CARTILHAS/FOLDERS DIVULGADOS PELO CIAMP RUA-PR E SUA RELAÇÃO COM A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
INTRODUÇÃO: A população negra em situação de rua no Brasil enfrenta múltiplas formas de exclusão social e racial, resultado de processos históricos de racismo estrutural e desigualdades socioeconômicas profundas. A invisibilização desse grupo em materiais institucionais dificulta o reconhecimento das especificidades étnico-raciais e a formulação de políticas públicas adequadas. Objetivos: O presente estudo teve como objetivo geral identificar se as cartilhas e folders produzidos pelo CIAMP RUAPR no período de 2020 a 2023 reforçam a invisibilidade da população negra emsituação de rua, além de analisar seu conteúdo a partir de uma perspectiva interdisciplinar e sócio-histórica, evidenciando possíveis estratégias discursivaspresentes nesses materiais. OBJETIVOS: O presente estudo teve como objetivo geral identificar se as cartilhas e folders produzidos pelo CIAMP RUAPR no período de 2020 a 2023 reforçam a invisibilidade da população negra em situação de rua, além de analisar seu conteúdo a partir de uma perspectiva interdisciplinar e sócio-histórica, evidenciando possíveis estratégias discursivaspresentes nesses materiais. MATERIAIS E MÉTODO: Realizou-se uma análise qualitativa ancorada na Hermenêutica da Profundidade de Thompson, contemplando as dimensões sócio-histórica, formal/discursiva e ideológica, em articulação com referenciais sobre racismo estrutural, desigualdade social e representatividade racial. RESULTADOS: A análise revelou que, embora os materiais busquem sensibilizar a sociedade civil quanto à situação da população em situação de rua, prevalece umaabordagem assistencialista e individualizante, com baixa articulação das dimensões estruturais e raciais da exclusão. A cartilha reconhece a predominância de pessoas negras entre a população em situação de rua, mas falha em relacionar esse dado aos processos históricos que o produzem, contribuindo para a naturalização do racismo estrutural. Os folders reforçam essa lógica, evidenciando direitos e serviços disponíveis, mas sem aprofundar a questão racial ou a interseccionalidade das opressões. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As operações ideológicas identificadas nos materiais dificultam uma leitura crítica das raízes do problema, perpetuando narrativas que responsabilizam os indivíduos e diluem a responsabilidade do Estado na produção das desigualdades raciais e sociais. A ausência de uma abordagem racializadareforça um discurso que mascara as relações de poder e contribui para a exclusão simbólica e material da população negra em situação de rua. Conclusão: Os materiais analisados carecem de uma abordagem crítica e interseccional que considere a centralidade da raça na exclusão social. Reitera-se a necessidade de uma produção discursiva que incorpore uma perspectiva antirracista e interseccional, capaz de contribuir para a formulação de políticas públicas efetivas e inclusivas.
PALAVRAS-CHAVE: População negra; Situação de Rua; Racismo; Invisibilidade; Políticas Públicas.
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