AFERIÇÃO DE VARIÁVEIS CLÍNICAS ATRAVÉS DE ENTREVISTA ESTRUTURADA E DIÁRIO DE CEFALEIA EM ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO COMPARANDO-SE INDIVÍDUOS DO GRUPO CONTROLE E GRUPO COM INCENTIVO A INGESTA DE ÁGUA
INTRODUÇÃO: A migrânea é uma condição neurológica de manifestação crônica ou episódica e incapacitante, caracterizada por dor pulsátil, unilateral, frequentemente acompanhada de náuseas, vômitos, fotofobia e fonofobia. A hidratação tem sido mencionada como um fator modificador do curso clínico da migrânea, embora as evidências científicas ainda sejam escassas e inconclusivas. Estudos prévios sugerem que a baixa ingesta hídrica pode estar associada ao aumento da frequência e intensidade das crises. No entanto, faltam ensaios clínicos randomizados robustos que avaliem essa relação. OBJETIVOS: Avaliar o impacto da orientação para aumento da ingesta hídrica sobre a incapacidade e o impacto da migrânea, além de sintomas associados como alodinia, humor e qualidade do sono, utilizando questionários autoaplicáveis validados. MATERIAIS E MÉTODO: Estudo piloto, controlado e não cegado, realizado com 33 participantes recrutados no Ambulatório de Cefaleia da PUCPR – Câmpus Londrina, sendo 13 alocados no grupo intervenção (água) e 20 no grupo controle. O grupo intervenção recebeu orientações estruturadas sobre aumento da ingestão de água e foi estimulado a consumir no mínimo 2,7L a 3,7L por dia, enquanto o grupo controle manteve o tratamento habitual. As avaliações foram realizadas no início (T0), após 6 semanas (T6) e ao final de 12 semanas (T12), com aplicação dos questionários MIDAS, HIT-6, ASC-12, GAD-7, IDB, IGI e ESE. Foram também utilizados diários de cefaleia para registro de frequência, intensidade da dor e uso de analgésicos. RESULTADOS: Dos 33 participantes iniciais, apenas 15 completaram o estudo até a semana 12 com dados completos (9 no grupo controle e 6 no grupo intervenção). A maioria das análises entre os grupos não evidenciou diferenças estatisticamente significativas. No entanto, o grupo controle apresentou redução significativa no uso de analgésicos (p = 0,012) e melhora nos escores do MIDAS (p = 0,045) e HIT-6 (p = 0,021). A ausência de significância no grupo intervenção pode estar relacionada ao tamanho amostral reduzido, o que pode ter aumentado o risco de erro tipo II — ou seja, a possibilidade de não detectar uma diferença real existente devido à baixa potência estatística. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A intervenção baseada em orientações para aumento da ingesta hídrica mostrou-se viável do ponto de vista da adesão, uma vez que os participantes não relataram dificuldades em cumprir com a ingesta hídrica diária solicitada. No entanto, não resultou em diferenças estatisticamente significativas em relação à migrânea quando comparada ao manejo convencional. A perda amostral pode haver comprometido o poder estatístico do estudo.
PALAVRAS-CHAVE: Migrânea; Hidratação; Ensaio clínico; Intervenção; Depressão e Ansiedade.
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