DOR E DESCONFORTO DO PREMATURO EM UTINEO: PERSPECTIVAS DOS PROFISSIONAIS SOBRE A PRESENÇA FAMILIAR NA UNIDADE

INTRODUÇÃO: O nascimento prematuro é uma questão de saúde pública global devido à sua alta incidência. Nesse contexto, o avanço tecnológico tem impulsionado a sobrevivência dos bebês, ressaltando a importância da construção de diálogos interdisciplinares e da perspectiva integral e humanizada no cuidado, reconhecendo a dimensão subjetiva do paciente e a singularidade de cada bebê e família. Apesar dos esforços para a humanização, o bebê prematuro ainda é frequentemente visto como pertencente ao corpo clínico, com pouca voz para a família e para o próprio bebê. A perspectiva psicanalítica evidencia que os bebês expressam suas angústias de forma clara, e a presença parental permite a construção de uma relação intersubjetiva que atenua o impacto de estímulos hostis, promovendo o desenvolvimento psíquico do bebê. OBJETIVOS: conhecer a percepção dos profissionais sobre a permanência familiar e investigar se há o reconhecimento da qualidade dessa presença para a construção da relação família-bebê. MATERIAIS E MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa qualitativa e exploratória, realizada por meio de questionário eletrônico com questões fechadas e abertas, enviado a profissionais de assistência ao prematuro em hospitais com leitos de UTINeo habilitados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no estado do Paraná. A análise dos dados foi complementada por buscas de artigos e materiais para aprofundar o diálogo teórico. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Os participantes foram incluídos mediante Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Inicialmente, o projeto pretendia coletar dados de 60 hospitais, mas o número de instituições habilitadas com UTINeo no Paraná totaliza 53, das quais 39 possuem leitos SUS RESULTADOS: Após um processo sistemático de contato, foi possível a aproximação com 29 instituições, e destas, 9 responderam ao questionário, representando 31% da amostra. A dor e o desconforto são inerentes à experiência na UTINeo, intensificados pela privação do estímulo materno/paterno. A presença dos pais, legalmente reconhecida, possibilita a constituição psíquica do neonato, atuando como mediadores do mundo externo, e identificando-o como um sujeito de desejos e parte da estrutura familiar. Os resultados confirmaram que a equipe profissional reconhece diversos benefícios da presença familiar. A participação ativa dos pais impacta positivamente o desenvolvimento global do bebê, favorecendo seu bem-estar físico e psíquico, aliviando dor e desconforto, e contribuindo para a melhora do quadro clínico, fortalecendo laços afetivos e promovendo um ambiente humanizado e colaborativo junto à equipe multidisciplinar. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A relação intersubjetiva entre cuidadores e bebês é primordial para o desenvolvimento integral, e as intervenções devem ser precoces, multidisciplinares e humanizadas, considerando o bebê em seu aspecto biopsicossocial. Embora parte do objetivo de avaliar a qualidade da presença familiar não tenha sido totalmente concluída, o estudo destaca a necessidade de mais pesquisas nessa área. O trabalho contribui com dados para que instituições de saúde e órgãos governamentais continuem a fomentar políticas públicas que garantam a participação efetiva da família em UTINeo, visando um cuidado humanizado e assistência integral.

PALAVRAS-CHAVE: Unidade de Terapia Intensiva Neonatal; Prematuridade; Dor; Família; Cuidado humanizado.