SUSTENTABILIDADE NO ENSINO SUPERIOR E ALINHAMENTO AO ESG: ANÁLISE DOS RELATÓRIOS DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR BRASILEIRAS

INTRODUÇÃO: O desenvolvimento sustentável tem se tornado central na agenda global, com destaque para o papel das Instituições de Ensino Superior (IES) na promoção de práticas socioambientais responsáveis. Neste contexto, a incorporação dos princípios ESG (Ambiental, Social e Governança) nas universidades brasileiras se apresenta como estratégia fundamental para alinhar a missão institucional à sustentabilidade. No entanto, a literatura aponta desafios como o risco de greenwashing e a falta de padronização nos relatórios das IES. OBJETIVOS: A pesquisa teve como objetivo principal analisar os relatórios de sustentabilidade de instituições de ensino superior brasileiras, a fim de identificar as temáticas predominantes e compreender como essas instituições implementam os princípios ESG. MATERIAIS E MÉTODO: O estudo adotou uma abordagem qualitativa e documental. A primeira etapa consistiu em uma revisão da literatura sobre ESG em IES, seguida pela sistematização de dados em planilhas. A amostra foi composta por 41 IES brasileiras com as melhores avaliações no IGC e CI (notas 4 e 5), selecionadas com base em critérios como publicação de relatórios entre 2020 e 2024, presença de seção ESG, acessibilidade pública das informações e diversidade jurídica. As fontes foram documentos institucionais, relatórios anuais, sites oficiais e dados do e-MEC. RESULTADOS: A análise revelou que no eixo Ambiental as ações são pontuais e pouco estruturadas; práticas como economia circular e gestão de resíduos aparecem mais em universidades públicas com centros de pesquisa. Há escassa menção a emissões, biodiversidade e uso de recursos. No eixo social são identificados avanços significativos, com destaque para políticas de diversidade, inclusão e extensão territorial. Ações sociais estão mais integradas em universidades públicas, confessionais e comunitárias. Já o eixo da governança apresenta maior fragilidade, com pouca divulgação de relatórios ESG completos, ausência de conselhos específicos, e baixa articulação entre ensino, pesquisa e gestão. Além disso, constatou-se a concentração das boas práticas ESG na região Sudeste (71% da amostra), com baixa representatividade do Nordeste (15%), evidenciando um descompasso regional. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Embora existam iniciativas sustentáveis em muitas IES, a implementação de políticas ESG ainda é incipiente e despadronizada, especialmente em instituições privadas com fins lucrativos. A adoção da norma ABNT para ESG é vista como uma oportunidade estratégica para fortalecer a governança e evitar o greenwashing. As IES com propósito institucional voltado ao interesse público, como as sem fins lucrativos e as públicas, demonstram maior potencial para consolidação de práticas ESG. A comparação com estudos anteriores revela uma evolução do enfoque prático para uma abordagem mais estratégica e institucional, centrada na governança como fator crítico de sucesso.

PALAVRAS-CHAVE: Sustentabilidade Institucional; ESG; Ensino Superior; Relatórios de Sustentabilidade; Governança Universitária.