O INSTINTO DE MORTE SEGUNDO GILLES DELEUZE
INTRODUÇÃO: Na presente pesquisa, desenvolvemos algumas das transformações operadas por Gilles Deleuze (1925-1995) com relação ao conceito de Instinto de Morte, em comparação ao conceito de Pulsão de Morte desenvolvido por Sigmund Freud (1856-1939), bem como as discussões ontológicas e epistemológicas que fazem parte dessas reestruturações. OBJETIVOS: Objetivo Geral: Analisar o conceito de Instinto de Morte tal como desenvolvido por Deleuze a partir da comparação crítica com o conceito de Pulsão de Morte tal como descrito por Freud. Através dos seguintes Objetivos específicos: a) Apresentar o conceito de Pulsão de Morte tal como concebido por Freud; b) Analisar o conceito de Instinto de Morte a partir da obra de Deleuze; c) Estabelecer as diferenças entre as noções de “pulsão de morte” e “instinto de morte” segundo a filosofia deleuzeana. MATERIAIS E MÉTODO: Este estudo é uma revisão bibliográfica, caracterizando-se por uma pesquisa básica qualitativa. Desenvolvido a partir da análise e comparação sobretudo dos textos freudianos As Pulsões e seus Destinos (1915) e Além do Princípio do Prazer (1920), com os textos deleuzeanos Apresentação de Sacher-Masoch (1967) e Diferença e Repetição (1968), e demais textos subsidiários de ambos os autores. RESULTADOS: O conceito de Pulsão de Morte, para Freud, caracteriza-se por ser a tendência de retorno ao inanimado, ou seja, a morte é compreendida de forma material. Ainda, Freud considera que as pulsões de morte (Tânatos) estão sempre em conflito com as pulsões de vida (Eros) no aparelho psíquico, desejando a autodestruição pela via de uma compulsão de repetição desse retorno. Embora seja considerada uma força terrível, em última instância, a pulsão de morte se submete ao domínio do princípio do prazer, já que as pulsões de vida conseguem mitigar a tendência de retorno. Já sob a ótica de Deleuze, observamos que o filósofo não vai rejeitar a teoria pulsional, mas vai reformular e deslocar as colocações freudianas no interior de uma nova filosofia transcendental. O autor francês considera “pulsão” um termo que designa estados da experiência de um sujeito já constituído e não uma instância transcendental, superior. Tal seria o caso de Tânatos, que se dá anteriormente a toda e qualquer representação, indicando que, para Deleuze, não há oposição entre instinto de morte e “pulsões” de vida como na teoria freudiana, pois Tânatos constitui Eros. Ou seja, a morte não é retorno, ela mora no vivente enquanto princípio constitutivo da subjetividade. Em suma, para Deleuze o instinto de morte é um princípio transcendental e não um estado empírico. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Ao reduzir a pulsão de morte a uma tendência de retorno ao inorgânico, Freud, apesar de indicar que está introduzindo um “além” em sua metapsicologia, falha ao não a considerar fora do domínio representativo de um sujeito já constituído pela identidade. Verificamos, nessa análise, que é necessário pensar a morte para além dos limites lógicos de um eu transcendental, assim como para além de limites do domínio psicológico de um eu empírico.
PALAVRAS-CHAVE: Instinto de morte; Pulsão de morte; Repetição; Diferença; Gilles Deleuze.
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