CRIADORES DE CONTEÚDO, TRABALHO PLATAFORMIZADO E CAPTURAS AFETIVAS: UMA REVISÃO DE LITERATURA
INTRODUÇÃO: Essa pesquisa investigou a relação estabelecida entre trabalho plataformizado, criadores/as de conteúdo e afetos. Com base nos conceitos de micropolítica de afetos tristes e sustentabilidades afetivas, argumentamos que o afeto é central para entender como as economias digitais exploram o trabalho em plataformas, reforçando as desigualdades econômicas e sociais no Brasil. A racionalidade neoliberal, articulada ao gerenciamento algorítmico, operacionaliza capturas afetivas, extraindo desejos e emoções como formas de controle do trabalho. OBJETIVOS: Compreender, a partir da literatura, como as dinâmicas afetivas se entrelaçam aos modos de subjetivação dos trabalhadores de plataforma envolvidos com a criação de conteúdo, identificando os mecanismos de captura afetiva e/ou estratégias de resistência. MATERIAIS E MÉTODO: Conduzimos uma revisão narrativa da literatura, de inspiração cartográfica, mapeando as principais controvérsias em torno do trabalho dos criadores de conteúdo no Brasil e no mundo. A partir dos estudos e por meio da estratégia de triangulação, analisamos as relações de poder e a produção de subjetividades entre trabalhadores, usuários e plataformas, enfatizando capturas afetivas e estratégias de resistência. RESULTADOS: Os resultados sugerem que a plataformização e a criação de conteúdo são engendradas pelas políticas neoliberais recentes, refletindo, também, desigualdades coloniais persistentes no Sul Global. No Brasil, trabalhadores informais autônomos migram cada vez mais para plataformas como o Instagram, aprofundando sua dependência e borrando ainda mais os limites entre trabalho formal e informal. Adicionalmente, os resultados reforçam os argumentos da literatura de que os dados não são neutros nem aleatórios, amplificando formas históricas de colonização por meio de uma interação complexa de práticas, poderes, materialidades, territórios, corpos e afetos para produzir um modo financeiro de subjetivação. Diante tais formas de captura afetiva, trabalhadores produzem estratégias de resistência que podem sugerir formas de sustentabilidades afetivas, a exemplo das reivindicações sobre o trabalho decente, soberania digital e sindicalização. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O trabalho de criação de conteúdo envolve a intensificação do trabalho emocional, em que, por meio de métricas de engajamento, há de se performar uma suposta autenticidade exteriorizada. Nesse contexto, criadores exercem um automonitoramento quantificado de si mesmo, traduzindo seus comportamentos através de mensurações de plataformas. Em contrapartida, trabalhadores produzem estratégias de resistência que vão desde o apoio mútuo nas plataformas, até a sindicalização e o cooperativismo solidário digital.
PALAVRAS-CHAVE: Trabalho; Plataformização; Criadores/as de Conteúdo; Capturas Afetivas; Subjetividade.
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