PSICOLOGIA E RELAÇÕES RACIAS: UMA ANÁLISE DA (IN)VISIBILIDADE DA POPULAÇÃO NEGRA NOS BOLETINS DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DO CFP DE 2020 A 2022
INTRODUÇÃO: A pesquisa teve como foco analisar os boletins produzidos pela Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CFP) entre 2020 e 2022, com o objetivo de compreender como as questões étnico-raciais foram abordadas nas publicações institucionais direcionadas à categoria profissional. Considerando o histórico de silenciamento das vozes negras na Psicologia e os efeitos do racismo estrutural nas práticas profissionais, o estudo contribui para o debate sobre o papel ético-político da Psicologia na promoção da equidade racial OBJETIVOS: Investigar de que maneira os boletins abordam a temática racial, a visibilidade da população negra e suas interseccionalidades com gênero e classe, analisando se essas publicações reafirmam discursos universalistas ou demonstram um compromisso com uma Psicologia crítica e antirracista. MATERIAIS E MÉTODO: De caráter qualitativo, a pesquisa utilizou a Hermenêutica da Profundidade, de John B. Thompson, como base metodológica para a análise das formas simbólicas presentes nos boletins. Foram examinadas onze edições publicadas entre 2020 e 2022, por meio de análise documental sistemática, categorização temática e diálogo com referenciais dos estudos das relações raciais. RESULTADOS: Os boletins analisados evidenciaram um posicionamento ético-político da Comissão, com forte compromisso com a justiça social, os direitos humanos e a valorização das produções de autoras e autores negros. As edições revelam o rompimento com discursos universalistas, o reconhecimento de interseccionalidades e a presença de ações institucionais voltadas à promoção da equidade racial. Também foram identificados limites e contradições no discurso institucional, indicando tensões que atravessam o campo profissional. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os boletins analisados configuram uma prática discursiva crítica e contra hegemônica, com ênfase na visibilidade das populações historicamente marginalizadas. A Hermenêutica da Profundidade possibilitou uma leitura ampliada das disputas simbólicas e ideológicas presentes nas narrativas institucionais. Recomenda-se a ampliação do objeto de análise para outras gestões e ações do Sistema Conselhos, bem como recortes regionais, a fim de avaliar a continuidade do compromisso ético-político evidenciado. Tais reflexões fortalecem uma prática profissional antirracista, crítica e sensível às desigualdades estruturais que atravessam a Psicologia.
PALAVRAS-CHAVE: Direitos humanos; Discurso institucional; População negra; Interseccionalidade; Psicologia antirracista.
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