BEM-ESTAR ANIMAL DE FELINOS BRASILEIROS CATIVOS
INTRODUÇÃO: O enriquecimento ambiental (EA) é uma das principais ferramentas para promoção do bem-estar de animais silvestres mantidos sob cuidados humanos, especialmente em programas de conservação ex situ como zoológicos e santuários. Entre os grupos mais suscetíveis aos malefícios do cativeiro estão os felinos, cujas necessidades ecológicas e comportamentais complexas frequentemente não são plenamente atendidas em ambientes cativos. A falta de estímulos físicos, cognitivos e sensoriais adequados pode levar ao surgimento de distúrbios comportamentais, como estereotipias, apatia e agressividade, comprometendo a saúde física e mental dos indivíduos, além de reduzir sua viabilidade reprodutiva. Frente a isso, o desenvolvimento de guias e protocolos específicos para diferentes espécies torna-se essencial para alinhar as práticas de manejo ao bem-estar animal e aos objetivos conservacionistas. OBJETIVOS: Este trabalho teve como objetivo reunir, analisar e organizar informações sobre o uso do enriquecimento ambiental (EA) em felinos neotropicais em cativeiro, com foco em sua eficácia na promoção do bem-estar comportamental, fisiológico e consequentemente, reprodutivo. MATERIAIS E MÉTODO: Para isso, foi realizado um levantamento e análise qualitativa de dados comportamentais e fisiológicos extraídos de dezenas de estudos científicos nacionais e internacionais envolvendo diferentes espécies do gênero Leopardus, que ocorrem em território brasileiro, além de Herpailurus yagouaroundi, Puma concolor e Panthera onca. As informações foram organizadas em planilhas do Excel, com informações sobre ecologia comportamental das espécies, e tipos de enriquecimentos aplicados, seus efeitos e impactos sobre estereotipias e outras observações relevantes a respeito de EA. RESULTADOS: Os resultados demonstraram que enriquecimentos cognitivos e alimentares foram os mais eficazes na redução de estereotipias e no aumento da expressão de comportamentos naturais. Enriquecimentos sensoriais e físicos também tiveram impacto relevante, especialmente quando associados à diversidade e variação periódica dos estímulos. Embora a maioria das espécies tenha apresentado melhora comportamental significativa nos estudos analisados, observou-se a retomada de comportamentos estereotipados após a retirada do EA em alguns indivíduos, indicando a necessidade de continuidade e planejamento a longo prazo. Além disso, o estudo revelou uma escassez significativa de dados para diversas espécies, incluindo L. braccatus, L. munoai, L. guttulus e L. emiliae, além da carência de publicações detalhadas sobre espécies mais amplamente conhecidas como L. geoffroyi, L. wiedii e L. colocola. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Conclui-se que o EA é uma estratégia indispensável para o bem-estar e a conservação dos felinos neotropicais em cativeiro, e que guias práticos e embasados cientificamente podem contribuir para a padronização e o aprimoramento das práticas em zoológicos, santuários e centros de conservação.
PALAVRAS-CHAVE: Enriquecimento ambiental; Felidae; Cativeiro; Conservação ex situ; Ecologia comportamental.
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