METILAÇÃO DO GENE CGRP E SUA INFLUÊNCIA NA FISIOPATOLOGIA DA MIGRÂNEA
INTRODUÇÃO: A migrânea é uma das cefaleias primárias mais prevalentes globalmente, especialmente entre mulheres, sendo considerada uma das principais causas de incapacidade e responsável por expressivo impacto socioeconômico. Suas manifestações clínicas são variáveis, podendo ocorrer com ou sem aura, e incluem episódios recorrentes de dor de cabeça acompanhados de náuseas, vômitos, fotofobia e fonofobia. A fisiopatologia da migrânea é complexa, envolvendo a ativação do sistema trigeminal e a liberação de peptídeos inflamatórios, como o CGRP, além da participação de células gliais satélites, resultando em inflamação neurogênica e sensibilização dos nociceptores. Recentemente, mecanismos epigenéticos, como a metilação do DNA, vêm sendo destacados pelo papel na modulação da expressão gênica e sua possível relação com a variabilidade clínica e terapêutica observada na migrânea. Alterações na metilação das regiões promotoras do gene CGRP podem contribuir para essas diferenças, ressaltando a importância de estudos voltados para a regulação epigenética na etiologia e no tratamento da doença. OBJETIVOS: objetivo deste estudo foi avaliar os níveis de metilação em regiões promotoras do gene CGRP em pacientes com migrânea e em indivíduos controles saudáveis, além de investigar possíveis associações entre esses marcadores epigenéticos e as manifestações clínicas da doença. MATERIAIS E MÉTODO: Foram recrutados 22 participantes, sendo 12 com diagnóstico de migrânea e 10 controles, de ambos os sexos, entre 18 e 60 anos, conforme critérios diagnósticos padronizados. Amostras de saliva foram coletadas dos participantes para extração de DNA genômico, posteriormente submetido à análise de metilação por MSP-PCR direcionada às regiões promotoras do gene CALCA. A análise estatística apropriada foi utilizada para comparar os grupos e avaliar possíveis associações com características clínicas, adotando nível de significância de 5%. RESULTADOS: Os resultados mostraram que a maioria das amostras, tanto de pacientes com migrânea quanto dos controles, apresentou metilação parcial nas regiões promotoras analisadas do gene CGRP, avaliadas pelos primers MSP-1 e MSP-2. Pequenas proporções de amostras totalmente metiladas ou totalmente não-metiladas foram encontradas em ambos os grupos, reforçando a heterogeneidade dos padrões epigenéticos entre os indivíduos. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas nos padrões de metilação entre os grupos, sugerindo que, nesta amostra, a regulação epigenética do CGRP não se associou diretamente à presença da migrânea. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Esses achados reforçam a ideia de variabilidade epigenética relevante e multifatorialidade da doença, indicando que outros mecanismos podem estar envolvidos na suscetibilidade e nas manifestações clínicas da migrânea. A identificação de perfis epigenéticos distintos pode, futuramente, contribuir para abordagens mais personalizadas no manejo e tratamento da doença. Recomenda-se que pesquisas futuras ampliem o número de participantes e incluam a análise de outras regiões regulatórias e genes associados à migrânea, a fim de aprofundar o conhecimento sobre o papel da epigenética na fisiopatologia da doença e suas potenciais aplicações clínicas.
PALAVRAS-CHAVE: Migrânea; Epigenética; Metilação; CGRP; Fisiopatologia.
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