RASTREIO DE SINAIS DO TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO EM CRIANÇAS DE MÃES QUE NÃO FORAM INFECTADAS PELO COVID-19 DURANTE A GESTAÇÃO
INTRODUÇÃO: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento marcado por déficits de comunicação social e padrões comportamentais restritos. A identificação precoce desses sinais depende de instrumentos sensíveis aplicados ainda nos primeiros anos de vida. A pandemia de COVID-19 introduziu variáveis inéditas que podem afetar o neurodesenvolvimento, de modo que, o acompanhamento longitudinal de crianças filhas de gestantes não infectadas pode oferecer parâmetro de comparação para estudos que busquem elucidar os efeitos de infecções materno-fetais sobre o neurodesenvolvimento. OBJETIVOS: O objetivo do presente estudo foi rastrear sinais de TEA em crianças de 24 meses nascidas de mães não infectadas por SARS-CoV-2 durante a gestação; caracterizar perfil sociodemográfico materno, histórico gestacional e neonatal; e descrever a distribuição de escores alcançados no Autism Diagnostic Observation Schedule-2 (ADOS-2). MATERIAIS E MÉTODO: Trata-se de um estudo descritivo observacional que compõe o grupo controle de uma pesquisa de coorte conduzida em parceria entre a PUCPR e a Universidade de Monash. Incluiu 20 puérperas e seus respetivos filhos, recrutados entre os anos 2022 e 2023 no ambulatório acadêmico da universidade, campus Londrina, dos quais 17 díades mãe-criança completaram avaliação presencial realizada nesta etapa. Aplicou-se a escala ADOS-2, Módulo Toddler, traduzida livremente e adaptada à realidade brasileira em uma única sessão com duração entre 40 e 60 minutos. Além disso, foram coletados e tabulados pelo grupo de pesquisadores colaboradores dados sociodemográficos, obstétricos e neonatais. RESULTADOS: A maioria das mães tinha entre 25 e 30 anos, vivia em união estável e possuía renda familiar de até quatro salários-mínimos; 94% iniciaram pré-natal no primeiro trimestre e 76,5% relataram complicações na gestação. Entre as crianças, 64,7% nasceram por cesariana, peso médio de 3318g e 76,5% tiveram aleitamento materno exclusivo na alta. Na ADOS-2, 13 crianças (76,4%) foram classificadas como “pouca ou nenhuma preocupação” para sinais de autismo, duas (11,8%) como “preocupação leve a moderada” e duas (11,8%) como “preocupação moderada a severa”. Observou-se predomínio do sexo masculino entre os escores mais elevados e ausência de correlação determinística com complicações gestacionais. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os achados estabelecem uma linha de base inicial em contexto brasileiro para crianças não expostas intraútero ao SARS-CoV-2. Os resultados confirmam baixa prevalência de sinais autísticos na amostra avaliada, mas evidenciam casos que justificam vigilância. Entretanto, a interpretação desses resultados requer cautela, pois a versão do instrumento utilizada carece de validação formal e confiabilidade interavaliador. Os achados reforçam a necessidade de estudos longitudinais e comparativos que elucidem os determinantes ambientais e biológicos do neurodesenvolvimento.
PALAVRAS-CHAVE: Transtorno do Espectro Autista; ADOS-2; COVID-19; Neurodesenvolvimento; SARS-CoV-2.
Para validarmos seu voto, por favor, preencha os campos abaixo. Alertamos que votos duplicados ou com CPF inválido não serão considerados.