DIGNIDADE DO CARRINHEIRO NO MUNICÍPIO DE CURITIBA
INTRODUÇÃO: O trabalho dos carrinheiros, embora central para a sustentabilidade urbana e a gestão de resíduos sólidos, segue marginalizado nas políticas públicas e invisibilizado nas dinâmicas sociais. Esses trabalhadores atuam de forma significativa na cadeia da reciclagem, mas enfrentam estigmas e barreiras ao reconhecimento formal. A escassez de dados sobre a percepção pública a respeito de sua atuação limita a formulação de políticas de valorização e inclusão socioprofissional. OBJETIVOS: Investigar a percepção da população de Curitiba sobre os carrinheiros, compreendendo como são reconhecidos enquanto profissionais e cidadãos, com o intuito de subsidiar propostas de valorização e inclusão socioprofissional desses trabalhadores no contexto urbano. MATERIAIS E MÉTODO: A metodologia adotada foi estruturada em três etapas articuladas. A primeira etapa consistiu em uma revisão integrativa da literatura, realizada em plataformas como Consensus, Scopus, Scielo e Web of Science, voltada à identificação de contribuições acadêmicas sobre trabalho informal urbano, serviços ecossistêmicos e justiça ambiental, servindo de base para a construção do referencial teórico e do instrumento de coleta. A segunda etapa envolveu a elaboração e aplicação de um questionário estruturado, composto por blocos temáticos e aplicado digitalmente, com o objetivo de captar percepções sobre o papel dos carrinheiros na cidade. A terceira etapa consistiu na organização, tabulação e análise dos dados obtidos, empregando técnicas quantitativas para as perguntas fechadas e análise de conteúdo para as respostas abertas. A amostra foi composta por 136 respondentes, sendo 74 carrinheiros da Vila Torres e 62 moradores de Curitiba. RESULTADOS: Os resultados indicam reconhecimento da relevância ambiental do trabalho dos carrinheiros, especialmente na coleta seletiva e na contribuição para a reciclagem urbana. No entanto, observam-se também percepções de estigmatização e exclusão social, associadas à informalidade da atividade. As respostas destacaram a precariedade das condições de trabalho, a ausência de apoio institucional e a necessidade de reconhecimento profissional. Os dados indicam ainda o apoio de grande parte dos respondentes à formalização da atividade, à criação de políticas públicas específicas e à promoção de ações educativas voltadas à conscientização da sociedade. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os achados evidenciam a urgência de políticas públicas que reconheçam os carrinheiros como agentes estratégicos na gestão de resíduos e como sujeitos de direitos no espaço urbano. A percepção da população, ao mesmo tempo em que revela reconhecimento parcial, reforça a necessidade de medidas que promovam a dignidade e a valorização desses trabalhadores. A articulação entre fundamentação teórica e dados empíricos permitiu identificar oportunidades concretas para o fortalecimento de estratégias de inclusão socioprofissional e justiça ambiental. Estudos futuros podem explorar o impacto dessas políticas no cotidiano dos carrinheiros e aprofundar as relações entre reconhecimento social e transformação das condições do trabalho informal urbano.
PALAVRAS-CHAVE: Trabalho informal urbano; Carrinheiros; Justiça ambiental; Percepção social; Serviços ecossistêmicos.
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