INTEGRANDO PERSPECTIVAS ÉTICAS E BIOÉTICAS NA EDIÇÃO DO GENOMA HUMANO: REFLEXÕES SOBRE TESTES GENÉTICOS PRÉ-IMPLANTACIONAIS E EDIÇÃO GENÉTICA
INTRODUÇÃO: O avanço da biotecnologia, da inteligência artificial e das técnicas de reprodução assistida tem transformado profundamente o cenário da genética reprodutiva. Os testes genéticos pré-implantacionais, inicialmente voltados à prevenção de doenças hereditárias, passaram a incluir novas modalidades como o PGT-P, que avalia características poligênicas com base em escores de risco. A edição do genoma por técnicas como o CRISPR-Cas9, por sua vez, oferece a possibilidade de intervenções diretas no DNA embrionário. Essas tecnologias, apesar de promissoras, suscitam complexas questões éticas, sociais e filosóficas, especialmente quando utilizadas para aprimoramento humano ou em contextos comerciais, levantando preocupações sobre eugenia, consentimento e justiça social. OBJETIVOS: Este estudo buscou analisar criticamente as implicações éticas e bioéticas associadas aos PGTs e à edição genética germinativa em embriões humanos. Foram considerados aspectos técnicos, riscos e benefícios clínicos, dilemas morais, desigualdades no acesso e a fragmentação do panorama regulatório global, com vistas a propor caminhos para um uso responsável e equitativo dessas tecnologias. MATERIAIS E MÉTODO: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura científica entre 2019 e 2025, utilizando bases como PubMed, SciELO e Biblioteca Virtual em Saúde. Os descritores “Bioethics”, “Genome, Human” e “Gene Editing” foram combinados com operadores booleanos “AND”. Após triagem de 72 artigos, 21 estudos foram selecionados com base em critérios de rigor metodológico, clareza dos objetivos e relevância bioética. A análise abrangeu diferentes contextos geográficos e filosóficos para ampliar a compreensão intercultural do tema. RESULTADOS: Quatro dimensões principais emergiram nesse estudo. A primeira refere-se aos avanços científicos, que incluem novas modalidades de PGT (PGT-A, PGT-M, PGT-SR, PGT-P) e técnicas de edição como Base Editing e Prime Editing. A segunda envolve os potenciais terapêuticos e os riscos biotécnicos, como efeitos off-target, mosaicismo e mutações indesejadas. A terceira trata das implicações éticas e sociais, como a mercantilização da reprodução, a seleção de traços desejáveis e o surgimento de um mercado biomédico voltado ao aperfeiçoamento genético. A quarta dimensão diz respeito à governança regulatória fragmentada, marcada por contrastes significativos entre legislações nacionais e pela ausência de consenso global. Destacou-se, ainda, a importância de incorporar visões filosóficas alternativas, como a ética africana do Ubuntu, que valoriza a dignidade relacional em contraposição à concepção individualista predominante no Ocidente. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A interseção entre biotecnologia, reprodução assistida e ética exige uma abordagem crítica, multidisciplinar e intercultural. Embora os PGTs e a edição genética ofereçam avanços relevantes na medicina reprodutiva, seu uso deve ser pautado por princípios de justiça, responsabilidade intergeracional, precaução e equidade. A ausência de regulação internacional unificada favorece práticas arriscadas e reforça desigualdades. Propõe-se a criação de marcos normativos globais que incluam representações da sociedade civil, comunidades vulneráveis e diversas tradições culturais. A bioética, enquanto campo reflexivo e prático, deve orientar a construção de políticas públicas que assegurem que o futuro da genética seja guiado não apenas pela inovação científica, mas pelo compromisso com a dignidade humana e o bem comum.
PALAVRAS-CHAVE: Bioética; Edição de genes; Teste genéticos; Fertilização in vitro; Diagnóstico pré-implantação.
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