CRISPR-CAS9 E EDIÇÃO GENÔMICA: PERSPECTIVAS ÉTICAS PARA O TRATAMENTO DE DOENÇAS GENÉTICAS
INTRODUÇÃO: A edição genômica por meio da tecnologia CRISPR-Cas9 representa uma das mais relevantes inovações biomédicas do século XXI, com potencial para transformar o tratamento de doenças genéticas hereditárias. Embora já tenha demonstrado eficácia clínica em terapias recentes, como no tratamento da betatalassemia e da anemia falciforme, a aplicação dessa tecnologia levanta sérias preocupações éticas, especialmente quando envolve intervenções hereditárias e questões de justiça no acesso à saúde. OBJETIVOS: Geral: Analisar as implicações éticas, sociais e políticas da aplicação da tecnologia CRISPR-Cas9 como ferramenta terapêutica para doenças genéticas, e como garantir que seu uso seja orientado por princípios de responsabilidade, equidade e respeito à dignidade humana. Específicos: : Investigar os principais dilemas éticos relacionados à manipulação genômica humana com CRISPR-Cas9, sobretudo no contexto terapêutico. Avaliar a suficiência e a coerência das políticas regulatórias existentes para lidar com os desafios morais da edição genômica em diferentes contextos geográficos e sociopolíticos. Examinar as percepções, receios e expectativas de distintos setores sociais, incluindo comunidade científica, pacientes e sociedade civil, quanto à aplicação do CRISPR-Cas9 para tratar doenças genéticas hereditárias. MATERIAIS E MÉTODO: Trata-se de uma revisão narrativa da literatura científica, filosófica e bioética. Foram analisados artigos de periódicos, capítulos de livros, documentos de organizações internacionais e estudos clínicos recentes, com ênfase nos impactos da edição genética em humanos. A busca foi realizada em bases como PubMed, Scopus, Web of Science e Google Scholar, utilizando descritores relacionados à edição genômica, ética biomédica e políticas públicas RESULTADOS: Os achados indicam que a tecnologia CRISPR-Cas9 possui elevado potencial terapêutico, mas também gera complexos desafios éticos, sociais e políticos. Entre eles, destacam-se os riscos associados às alterações hereditárias, a insuficiência e fragmentação das regulamentações globais, e o risco de utilização para fins não terapêuticos, que podem agravar desigualdades sociais. Pensadores como Hans Jonas, Michael Sandel e Nikolas Rose enfatizam a importância de uma ética da responsabilidade que considere os impactos intergeracionais e as dinâmicas de biopoder e medicalização da vida. As lacunas políticas e a falta de acesso equitativo à tecnologia podem ampliar desigualdades e demandam deliberação pública e governança ética inclusiva. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A edição genômica por CRISPRCas9 representa um avanço significativo no tratamento de doenças genéticas, mas sua aplicação deve ser guiada por princípios éticos que abordem simultaneamente as dimensões sociais e políticas envolvidas. É fundamental garantir a distribuição justa dos benefícios da tecnologia, prevenindo práticas eugênicas e reforçando a dignidade humana. Uma ética preventiva, inclusiva e democrática, acompanhada de políticas públicas coerentes e diálogo social amplo, é essencial para orientar o uso responsável e equitativo dessa poderosa ferramenta terapêutica.
PALAVRAS-CHAVE: CRISPR-Cas9; Edição genômica; Doenças genéticas; Bioética; Responsabilidade ética.
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