IDENTIDADES MUSICAIS BRASILEIRAS NAS ANIMAÇÕES NACIONAIS
INTRODUÇÃO: Este trabalho de iniciação científica investiga quatro trilhas sonoras de animações brasileiras contemporâneas, buscando compreender como elementos de musicalidade brasileira e brasilidade são incorporados nessas produções audiovisuais. A introdução contextualiza o desenvolvimento do cinema de animação no Brasil, ressaltando o crescimento recente do setor, as primeiras produções e o papel da música na construção da identidade cultural nacional. OBJETIVOS: O estudo propõe analisar quatro filmes selecionados — Brichos 2, Perlimps, Tito e os Pássaros e Chef Jack, o Cozinheiro Aventureiro — que apresentam distintas abordagens quanto à presença de signos sonoros típicos do Brasil, como ritmos regionais, instrumentos tradicionais e estilos musicais de relevo na cultura nacional. O objetivo geral é examinar os caracteres dessas trilhas, mapeando-os e confrontando-os com marcadores consagrados de brasilidade. Especificamente, buscou-se decupar as sonoridades de cada filme e identificar ritmos, timbres e instrumentos tipicamente brasileiros. MATERIAIS E MÉTODO: Adotou-se uma metodologia qualitativa e exploratória baseada em escuta ativa, onde cada obra foi percorrida cena a cena, com anotações de minutagem, descrição de texturas e classificação dos materiais rítmicos, melódicos e harmônicos. O recorte temporal de 2010 a 2023 abrange o recente crescimento do setor, sendo que as produções selecionadas se destacam por seu reconhecimento crítico ou por indicações a prêmios, o que assegura relevância artística e industrial à amostra. RESULTADOS: Os resultados revelam estratégias contrastantes: Brichos 2 e Perlimps sustentam sua narrativa em estilos musicais brasileiros como o baião, xaxado, bossa nova e percussões corporais, criando coerência temática entre som e enredo. Chef Jack utiliza esses recursos de forma pontual, como no caso do pandeiro inserido em uma faixa de rock soul, optando por uma base sinfônica de caráter mais híbrido. Já Tito e os Pássaros abraça deliberadamente a paleta orquestral hollywoodiana, propondo uma estética sinfônica universalizada, na qual a brasilidade surge apenas em pequenas texturas, indicando opção consciente por neutralidade cultural. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Conclui-se, portanto, que a presença da brasilidade não é uma regra, mas uma escolha estética que, quando incorporada de maneira estruturante, potencializa o reconhecimento cultural imediato sem prejudicar o alcance internacional da obra. A pesquisa indica o potencial da trilha sonora como vetor identitário e sugere a necessidade de futuras investigações que integrem análise musical automatizada e estudos sobre a recepção infantil, visando compreender melhor o alcance desses signos na construção do pertencimento cultural.
PALAVRAS-CHAVE: Trilhas sonoras; Longa-metragem de animação nacional; Musicalidade brasileira; Identidade cultural; Produção audiovisual.
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