Logo PUCPR

SAÚDE MENTAL, ADOLÊSCENCIA E ERA DIGITAL: INVESTIGANDO O AUTODIAGNÓSTICO DE TRANSTORNOS DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO A PARTIR DA REDE SOCIAL TIKTOK

TORTATO, Giovana ¹; GARCIA, Wallisten Passos ²
Curso do(a) Estudante: Psicologia – Escola de Medicina e Ciências da Vida – Câmpus Curitiba
Curso do(a) Orientador(a): Psicologia – Escola de Medicina e Ciências da Vida – Câmpus Curitiba

INTRODUÇÃO: A crescente presença das redes sociais no cotidiano adolescente tem impactado diretamente a forma como eles compreendem a sua saúde mental. O TikTok, amplamente utilizado por esse público, tornou-se um espaço de disseminação de conteúdos sobre transtornos como ansiedade e depressão, frequentemente sem respaldo científico, produzindo autodiagnósticos, com impactos negativos na construção da identidade e no enfrentamento de sofrimentos psíquicos na adolescência. OBJETIVOS: Investigar a influência do TikTok no autodiagnóstico de depressão e transtornos de ansiedade em adolescentes, compreendendo como a exposição a esses conteúdos interfere na percepção que eles têm sobre sua própria saúde mental e identificando motivações para o autodiagnóstico sem acompanhamento profissional. MATERIAIS E MÉTODO: Foi realizada uma pesquisa de caráter documental, com a análise de 40 vídeos da plataforma TikTok – 20 sobre ansiedade e 20 sobre depressão – selecionados com base na popularidade. Os vídeos foram categorizados conforme o tipo de conteúdo (ponto de vista; humor; conscientização; profissionais). Além disso, foram analisados cerca de cinco comentários por vídeo, totalizando 187 interações, também organizadas por categorias (identificação pessoal; pedidos de ajuda/esclarecimento; relatos pessoais; dicas/conselhos leigos; humor e depreciação). RESULTADOS: A análise revelou que o TikTok se consolidou como um espaço central de construção e circulação de sentidos sobre ansiedade e depressão entre adolescentes. Os vídeos analisados, em grande parte no formato “POV”, mostram como esses transtornos são traduzidos em cenas curtas, esteticamente atraentes e emocionalmente intensas, que transformam experiências comuns da adolescência em sinais de doença. Essa estética da intimidade cria uma cultura da exposição, na qual abrir a própria vulnerabilidade funciona como forma de reconhecimento e acolhimento coletivo. Entretanto, ao simplificar e estetizar o sofrimento, esses conteúdos favorecem tanto o autodiagnóstico quanto a patologização de expressões subjetivas da adolescência, além de reforçar o processo de medicalização dessas vivências. A presença de profissionais de saúde mental mostrou-se escassa e frequentemente associada a práticas comerciais e à produção de conteúdos superficiais, o que amplia o engajamento, mas compromete a qualidade técnica e ética da informação. Nos comentários, destacam-se relatos pessoais, pedidos de ajuda e conselhos leigos, expressando a carência de suporte qualificado e a função da plataforma como espaço de acolhimento simbólico, mas ineficaz. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Confirma-se que o TikTok funciona para os adolescentes como espaço de expressão subjetiva, identificação emocional e construção coletiva de sentidos sobre o sofrimento psíquico, associado à busca por pertencimento, compreensão pessoal e resposta às demandas sociais, familiares e escolares. Ao mesmo tempo, favorece o autodiagnóstico sem respaldo técnico, reduz experiências típicas da adolescência a transtornos, reforça identidades patologizadas e contribui para a medicalização da vida. Esse cenário exige atenção à construção da identidade em uma cultura altamente tecnológica, marcada pela imediaticidade, exposição constante e desejo de visibilidade. É essencial criar espaços que acolham o sofrimento sem reduzi-lo a diagnósticos precipitados; fortalecer redes de apoio que integrem contextos virtuais e presenciais; ampliar o debate sobre saúde mental no ambiente digital; incorporar educação midiática em diferentes contextos, promovendo o uso crítico das plataformas e garantindo a presença ética e qualificada de profissionais da saúde mental.

PALAVRAS-CHAVE: Adolescência; Saúde mental; Autodiagnóstico; TikTok; Ansiedade e depressão.

APRESENTAÇÃO EM VÍDEO

Legendas:
  1. Estudante
  2. Orientador
  3. Colaborador
Esta pesquisa foi desenvolvida na modalidade voluntária no programa PIBIC.

QUERO VOTAR NESTE TRABALHO

Para validarmos seu voto, por favor, preencha os campos abaixo. Alertamos que votos duplicados ou com CPF inválido não serão considerados.