PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E ANATOMOPATOLÓGICO DO CÂNCER DE MAMA EM RELAÇÃO À PANDEMIA DE COVID-19
INTRODUÇÃO: A pandemia de Covid-19 causou a diminuição do acesso aos serviços de saúde mundialmente. Nesse sentido, a interrupção temporária do rastreamento do câncer de mama, o mais prevalente entre mulheres brasileiras, afetou a realização de mamografias e o diagnóstico precoce, com alteração da jornada da paciente oncológica. OBJETIVOS: Avaliar se a pandemia impactou negativamente no perfil epidemiológico e anatomopatológico do câncer de mama entre 2018 e 2022, especialmente em relação ao estadiamento, tamanho do tumor em milímetros e invasão angiolinfática. MATERIAIS E MÉTODO: Foi realizado estudo retrospectivo, descritivo e observacional, a partir de base de dados secundária do Hospital Erasto Gaerner, com comparação de variáveis histopatológicas e do perfil clínico das pacientes, por meio de dois recortes temporais, definidos como “pré-pandêmico” e “pandêmico”. Os dados coletados foram organizados em planilha Excel e analisados estatisticamente. RESULTADOS: Foi observado um aumento da prevalência de tumores com estadiamento clínico mais avançado durante o período pandêmico, com tumores classificados como T3 e T4 somados representando 49,6% dos casos na pandemia contra 44,5% dos casos nos anos anteriores ao isolamento social. Além disso, houve aumento percentual nos casos com metástase ao diagnóstico durante a pandemia (16%) quando comparado ao período pré-pandemia (11,3%). Alterações de tamanho do tumor não encontraram relevância estatística, com p > 0,05. Também não houve alteração significativa do perfil de invasão angiolinfática. No entanto, o aumento de casos diagnosticados já em metástase pode ter reduzido o volume de cirurgias performadas no intervalo analisado, afetando a avaliação comparativa do estadiamento patológico e do tamanho tumoral. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Pode-se inferir que houve impacto negativo da pandemia no estadiamento clínico, nessa amostra. O impacto no tamanho tumoral e na invasão angiolinfática pode estar subestimado pela presença de tumores mais avançados ao diagnóstico. Para as etapas futuras, torna-se relevante, então, considerar extensão da coleta para os anos após a pandemia, a fim de avaliar sobrevida e impactos duradouros sobre estadiamento tumoral.
PALAVRAS-CHAVE: Câncer de mama; Estadiamento clínico; Perfil epidemiológico; Invasão angiolinfática; Pandemia.
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