Logo PUCPR

A MICROPOLÍTICA DO MICROTRABALHO: CARTOGRAFANDO AFETOS ENTRE TRABALHADORES/AS DE PLATAFORMAS

RIBEIRO, Aline Mugnon ¹; MELO, Thainara Granero de ²
Curso do(a) Estudante: Psicologia – Escola de Medicina e Ciências da Vida – Câmpus Curitiba
Curso do(a) Orientador(a): Psicologia – Escola de Medicina e Ciências da Vida – Câmpus Curitiba

INTRODUÇÃO: O presente estudo aborda a micropolítica do microtrabalho, uma modalidade de trabalho plataformizado caracterizada pela execução de tarefas repetitivas para o treinamento de inteligências artificiais. Inserido em um contexto de crescente precarização e informalidade, especialmente no Sul Global, o microtrabalho invisibiliza o trabalho humano por trás de uma aparente neutralidade maquínica. Embora a literatura nacional tenha explorado o perfil e os impactos socioeconômicos desse fenômeno, pouco se sabe sobre como os trabalhadores brasileiros vivenciam subjetivamente este processo e articulam estratégias de resistência. Esta pesquisa investiga essa lacuna, partindo do referencial da Psicologia Social do Trabalho e do conceito de que os afetos exercem papel central na produção de subjetividades e em suas implicações políticas. OBJETIVOS: O objetivo geral foi compreender como as dinâmicas afetivas se entrelaçam às estratégias micropolíticas dos trabalhadores de plataformas, articulando experiências de isolamento e organização. Especificamente, buscou-se mapear as experiências singulares e as condições de trabalho, identificar os principais temas de discussão nas redes sociais de apoio e analisar como os discursos e práticas expressam formas de reprodução ou resistência aos mecanismos de controle do microtrabalho. MATERIAIS E MÉTODO: A pesquisa se ampara em uma metodologia qualitativa de inspiração cartográfica, combinando a etnografia digital (netnografia) com entrevistas semiestruturadas. A netnografia foi realizada em comunidades online de trabalhadores, enquanto as seis entrevistas em profundidade foram conduzidas com quatro homens e duas mulheres, de diferentes regiões e escolaridades, recrutados a partir do monitoramento dessas redes e pela técnica de “bola de neve”. A análise dos dados foi realizada a partir da técnica de triangulação, confrontando as narrativas com os registros etnográficos e o referencial teórico do estudo para a definição de categorias temáticas. RESULTADOS: Os resultados apontam que o microtrabalho é majoritariamente uma fonte de renda extra, marcado pela falta de suporte das plataformas e por uma constante exigência de estudo e qualificação que não se traduz em reconhecimento ou ascensão profissional. Emergem como temas centrais a arbitrariedade algorítmica, a falta de transparência e a ausência de canais de defesa. Os grupos de mensagens instantâneas surgem como uma “ferramenta poderosa de ajuda mútua”, essencial para a troca de informações e superação de dificuldades, mas que também reproduzem dinâmicas de competição e medo de punição, levando à comunicação em canais privados. Evidenciou-se, ainda, uma acentuada dificuldade de contato e uma invisibilização das trabalhadoras mulheres. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Conclui-se que os trabalhadores desenvolvem complexas estratégias micropolíticas para navegar em um ambiente de extrema precarização. As dinâmicas afetivas são ambivalentes, promovendo tanto o isolamento quanto redes de solidariedade. Essas redes informais, embora constituam a principal forma de resistência e suporte, são atravessadas por lógicas de controle e competição, demonstrando como a subjetividade dos trabalhadores é continuamente produzida e disputada no capitalismo de plataforma.

PALAVRAS-CHAVE: Microtrabalho; Trabalho de Plataforma; Subjetividade; Afetos; Precarização.

APRESENTAÇÃO EM VÍDEO

Legendas:
  1. Estudante
  2. Orientador
  3. Colaborador
Esta pesquisa foi desenvolvida com bolsa PUCPR no programa PIBIC.

QUERO VOTAR NESTE TRABALHO

Para validarmos seu voto, por favor, preencha os campos abaixo. Alertamos que votos duplicados ou com CPF inválido não serão considerados.