ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E CLÍNICO-PATOLÓGICOS DO CÂNCER DE CÓLON EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA NO SUL DO BRASIL
INTRODUÇÃO: O câncer colorretal (CCR) representa um dos principais desafios oncológicos no Brasil, com tendência crescente de incidência e mortalidade, especialmente nas regiões Sul e Sudeste. No Paraná, destaca-se a elevada taxa de detecção, atribuída à maior disponibilidade de exames diagnósticos e centros especializados. Contudo, a heterogeneidade no acesso aos serviços de saúde compromete a equidade no diagnóstico e tratamento, refletindo-se em altas taxas de casos avançados. A análise epidemiológica regional é fundamental para compreender os fatores associados à doença e subsidiar políticas públicas que ampliem o rastreamento e promovam o diagnóstico precoce em diferentes contextos territoriais. OBJETIVOS: Analisar os aspectos epidemiológicos e clínico-patológicos do CCR em hospital de referência no estado do Paraná, com foco na distribuição dos casos por faixa etária, sexo, lateralidade tumoral, presença de comorbidades, displasia e instabilidade de microssatélites. MATERIAIS E MÉTODO: A metodologia inicial baseava-se realização de um estudo retrospectivo observacional, com análise de banco de dados secundário de um hospital oncológico de referência em Curitiba. Contudo, em razão de impasses relacionados à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) na instituição, o projeto ficou com pendências para sua aprovação no Comitê de Ética e Pesquisa da Instituição. Assim, em substituição, optou-se por uma revisão de literatura, com ênfase em estudos epidemiológicos publicados entre 2010 e 2025, utilizando as bases de dados: SciELO, LILACS, PubMed, utilizando-se as palavras chaves: cancer colorretal; perfil epidemiológico; screening; mortalidade. Dando-se preferência para artigos com ênfase em estudos no estado do Paraná ou Sul do Brasil. RESULTADOS: A análise dos estudos revelou elevada incidência e mortalidade por câncer colorretal (CCR) no Paraná, com notável disparidade entre regiões urbanas e interioranas. Observou-se predominância de pacientes do sexo masculino, entre 60 e 69 anos, com baixa escolaridade. O adenocarcinoma foi o tipo histológico mais frequente, com diagnóstico majoritário em estágios avançados (≥ III) e presença de metástases em até 38,1% dos casos. Apesar da boa estrutura em centros como Curitiba, o interior do estado apresenta limitações em rastreamento, acesso à colonoscopia e atenção primária. Apenas 9,1% da população-alvo realizou pesquisa de sangue oculto nas fezes em 2022. Estudos espaciais identificaram clusters de alta mortalidade em municípios com menor cobertura de saúde e educação. A maioria dos diagnósticos ocorreu de forma reativa, frente a sintomas. Esses achados evidenciam desigualdades estruturais e a necessidade de descentralização dos serviços oncológicos no enfrentamento do CCR no Paraná. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Conclui-se que, no Paraná, o câncer colorretal apresenta incidência e mortalidade significativas, com expressiva heterogeneidade regional. Apesar da boa capacidade diagnóstica e de serviços de notificação em centros urbanos, persistem desafios relacionados ao acesso desigual aos serviços de rastreamento e tratamento, especialmente no interior, evidenciando a necessidade de políticas públicas regionais para redução das disparidades e fortalecimento da detecção precoce.
PALAVRAS-CHAVE: Câncer colorretal; Epidemiologia; Rastreamento; Desigualdades em saúde.
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