SAÚDE MENTAL, ADOLÊSCENCIA E ERA DIGITAL: INVESTIGANDO O AUTODIAGNÓSTICO DE TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO A PARTIR DA REDE SOCIAL TIKTOK
INTRODUÇÃO: O uso crescente das mídias sociais tem alterado a forma como os adolescentes acessam informações e constroem a percepção sobre saúde mental, favorecendo o aumento de autodiagnósticos, especialmente de TEA e TDAH, produzindo a patologização e a medicalização da adolescência. Esse público encontra nas redes sociais tanto acolhimento para seu sofrimento quanto riscos, como desinformação, comparação social, cultura do cancelamento, imediaticidade e romantização do sofrimento psicológico. OBJETIVOS: Analisar a influência do TikTok no autodiagnóstico de TEA e TDAH entre adolescentes. Como objetivos específicos, busca-se compreender como a exposição a conteúdos sobre saúde mental na plataforma impacta a forma como os adolescentes percebem sua própria saúde mental, bem como identificar os fatores que os levam a realizar autodiagnósticos. MATERIAIS E MÉTODO: Pesquisa documental. Foram analisados 40 vídeos do TikTok (20 sobre TDAH e 20 sobre TEA), selecionados por meio de hashtags em português e inglês relacionadas a cada transtorno. As informações foram registradas em uma ficha de coleta contendo dados do vídeo (link, data, descrição, métricas) e comentários relevantes. Os vídeos foram classificados em quatro categorias: (1) ponto de vista de pessoa com o transtorno; (2) especialista; (3) conteúdo de conscientização; (4) conteúdo humorístico. Os comentários foram analisados em cinco categorias: (1) identificação pessoal; (2) pedidos de ajuda ou esclarecimento; (3) relatos pessoais; (4) dicas ou conselhos leigos; (5) humor. RESULTADOS: Os resultados mostram que vídeos com formatos como “POV” e humorísticos atingem maior audiência, sobretudo quando utilizam linguagem simplificada e estética próxima ao público adolescente, potencializando identificação imediata e engajamento, reforçados por algoritmos e marketing afetivo. Observou-se baixa participação de profissionais de saúde mental e ausência de mediação técnica qualificada, o que favorece desinformação e reducionismo. A análise dos comentários evidencia forte identificação dos usuários com sintomas, estimulando autodiagnósticos sem supervisão clínica e reforçando práticas de pertencimento comunitário. Esse cenário, embora ofereça acolhimento, também amplia riscos de patologização, medicalização e estigmatização de comportamentos adolescentes, limitando a compreensão crítica e a complexidade dos processos de desenvolvimento psicológico. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O TikTok influencia significativamente a forma como adolescentes interpretam sua saúde mental, oferecendo espaço de identificação e validação de sintomas de TEA e TDAH. Relatos pessoais e linguagem acessível fortalecem vínculos, mas também estimulam autodiagnósticos, motivados pela busca de reconhecimento e explicação para vivências subjetivas. O fenômeno demanda atuação ética de profissionais, educação midiática e estratégias que promovam compreensão crítica e cuidado responsável, evitando diagnósticos precipitados e a banalização da saúde mental.
PALAVRAS-CHAVE: Adolescência; Saúde mental; Autodiagnóstico; Transtornos do neurodesenvolvimento; TikTok.
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