ESTABELECIMENTO DE PROTOCOLO DE MICROPROPAGAÇÃO VEGETATIVA PARA TRÊS CULTIVARES DE LÚPULO (HUMULUS LUPULUS L.)
INTRODUÇÃO: O lúpulo (Humulus lupulus L.) é uma espécie de crescente interesse no Brasil, principalmente pela demanda da indústria cervejeira. A escassez de mudas nacionais e a dependência de importação elevam os custos de produção. A micropropagação surge como alternativa para multiplicação rápida e uniforme de mudas, mas enfrenta entraves relacionados à contaminação e mortalidade dos explantes por agentes patogênicos como fungos e bactérias. OBJETIVOS: O objetivo geral deste trabalho foi desenvolver um protocolo de micropropagação vegetativa visando a produção de mudas in vitro de lúpulo. Especificamente, buscou-se avaliar o estabelecimento in vitro de explantes submetidos a diferentes concentrações de hipoclorito de sódio (NaClO) para desinfestação superficial. MATERIAIS E MÉTODO: O presente estudo foi conduzido em laboratório de Biotecnologia da PUCP. Foram realizados três tratamentos de desinfestação superficial para os explantes (segmentos unimodais) de brotações da cultivar Cascade de lúpulo, oriundos do minijardim clonal mantido na Fazenda Experimental Gralha Azul (FEGA). Para todos os tratamentos aplicados, houve uma etapa de pré-desinfestação superficial com o fungicida Difenoconazol e Azoxistrobina (AMISTAR®) na concentração de 80 mg L-1, após enxague do fungicida procedeu-se a imersão dos explantes em álcool 70% por 30 segundos sob agitação, sendo que após verter o álcool, em câmara de fluxo laminar, os segmentos nodais receberam os tratamentos de desinfestação propriamente dita, com hipoclorito de sódio (NaClO) em três concentrações diferentes com a adição de 50 µL de Tween 20, sendo T1 com 0,75%, T2 com 1% e T3, com 1,25% sob agitação por 15 minutos. Em seguida foi realizada a tríplice lavagem com água deionizada autoclavada com o isolamento dos explantes em tubos de ensaio contendo meio de cultura MS (Murashige e Skoog). Cada tratamento foi representado por 30 repetiçóes (explantes) e mantidos em B.O.D. por 54 dias. RESULTADOS: Os resultados mostraram que T1 apresentou maior taxa de sobrevivência (53,3%), seguido de T2 (50,0%) e T3 (26,6%). O crescimento da parte aérea foi superior em T3 (11 cm) em comparação a T1 (3,41 cm) e T2 (1,77 cm). O número médio de gemas foi semelhante entre os tratamentos T1 (8,37), T2 (6,8) e T3 (6,87), assim como o desenvolvimento radicial onde pôde-se observar o comprimento da maior raiz em T1 com 1,39 cm, T2 com 0,66 cm e T3com 1,25 cm. A contaminação fúngica foi significativamente mais alta em T3 (86%) em relação a T1 (56%) e T2 (63%). A oxidação do meio de cultura foi superior em T3 (73%) quando comparado a T1 (40%), com diferença estatística significativa (p = 0,047). Quanto às bactérias endofíticas, observou-se presença em 43% dos explantes em T1, mas apenas 6,6% em T2 e 0% em T3. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Conclui-se que, apesar das altas taxas de contaminação e baixa sobrevivência dos explantes, o tratamento com 0,75% de NaClO (T1) mostrou-se mais promissor para o estabelecimento in vitro do lúpulo, equilibrando taxas de sobrevivência e manutenção de bactérias endofíticas potencialmente benéficas. Esses resultados reforçam a necessidade de ajustes nos protocolos da desinfestação superficial e apontam para a importância de explorar a interação com microrganismos endofíticos.
PALAVRAS-CHAVE: Desinfestação superficial; Segmentos nodais; Hipoclorito de sódio; Cultura de tecidos vegetais; Cascade.
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