ANÁLISE DO PAPEL DO VEGF NO PROCESSO DE ANGIOGÊNESE EM PLACENTAS DE GESTANTES COM COVID-19
INTRODUÇÃO: A angiogênese placentária é um processo fundamental para o desenvolvimento fetal saudável, sendo regulada por fatores como hipóxia, estresse oxidativo e inflamação. O fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) atua como um dos principais mediadores pró-angiogênicos nesse contexto. Estudos recentes sugerem que a infecção pelo SARS-CoV-2 pode interferir nesse equilíbrio, desencadeando respostas inflamatórias e hipóxicas que afetam a expressão de biomarcadores vasculares, incluindo o VEGF. Essa desregulação pode ter impacto sobre a função placentária e, consequentemente, sobre os desfechos materno-fetais. OBJETIVOS: Este estudo teve como objetivo principal avaliar a imunoexpressão tecidual de VEGF em placentas de gestantes com infecção confirmada por SARS-CoV-2, comparando-a com placentas de gestantes não infectadas. Também buscou-se correlacionar a expressão de VEGF com dados clínicos, epidemiológicos e desfechos obstétricos, como tipo de parto, presença de comorbidades maternas e alterações placentárias. MATERIAIS E MÉTODO: Trata-se de um estudo observacional, prospectivo, do tipo caso-controle, com amostragem composta por 75 placentas de gestantes com diagnóstico confirmado de COVID-19 por RT-PCR e 11 placentas de gestantes do período pré-pandêmico, sabidamente não infectadas. As amostras foram fixadas em formalina, processadas rotineiramente e submetidas à técnica de imunohistoquímica para detecção da expressão de VEGF nas vilosidades placentárias. Foi realizada análise morfométrica da área de imunoexpressão e os dados clínicos foram extraídos de prontuários médicos. A análise estatística utilizou testes paramétricos e não paramétricos, considerando significância estatística quando p < 0,05. RESULTADOS: Observou-se aumento estatisticamente significativo na imunoexpressão de VEGF nas placentas do grupo COVID-19 em comparação ao grupo não infectado. Além disso, houve maior frequência de comorbidades no grupo infectado, embora sem correlação estatística direta com os níveis de VEGF. Não foram observadas diferenças significativas nos desfechos fetais imediatos, como peso ao nascimento, presença de sintomas neonatais ou óbito fetal. Por outro lado, verificou-se diferença significativa no peso das placentas entre os grupos, com valores inferiores no grupo infectado. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados obtidos demonstram que a infecção pelo SARS-CoV-2 em gestantes está associada à maior expressão de VEGF na placenta, o que pode refletir uma resposta angiogênica compensatória frente à injúria inflamatória e hipóxica causada pela infecção viral. Mesmo em casos leves de COVID-19, alterações placentárias podem ocorrer de forma subclínica. Esses achados contribuem para o entendimento da fisiopatologia placentária na COVID-19 e reforçam a importância do acompanhamento atento dessas gestantes.
PALAVRAS-CHAVE: COVID-19; Placenta; VEGF; Angiogênese; Gestação.
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