ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA E SEXUALIDADE EM MULHERES COM CÂNCER DE COLO DE ÚTERO: CIRURGIA RADICAL VS. RADIOTERAPIA E QUIMIOTERAPIA COMBINADAS

INTRODUÇÃO: O câncer de colo de útero é a quarta neoplasia em incidência e mortalidade entre mulheres e suas modalidades terapêuticas podem provocar efeitos que comprometem a qualidade de vida. No entanto, a avaliação desses impactos, sobretudo na sexualidade, é frequentemente negligenciada. OBJETIVOS: Analisar e comparar a qualidade de vida, com ênfase na sexualidade, entre mulheres com câncer de colo de útero tratadas com histerectomia radical; quimioterapia, radioterapia e braquiterapia; ou histerectomia com radioterapia. MATERIAIS E MÉTODO: Estudo analítico prospectivo conduzido de novembro de 2022 a julho de 2025, baseado na aplicação e análise de questionários de qualidade de vida (MDASI, FACIT-CX, FSFI e questionário de fatores de risco). Participaram do estudo 188 mulheres com câncer de colo de útero. Dessas, 34 responderam os questionários em dois pontos do acompanhamento. Os resultados foram comparados entre os três maiores grupos de tratamento por análises de Kruskal-Wallis e Dunn (Post Hoc), com correção de Bonferroni (p<0,05). RESULTADOS: Na amostra, 94 (50%) foram tratadas com quimioterapia, radioterapia e braquiterapia, 62 (33%) com histerectomia isolada, 21 (11,2%) com histerectomia e radioterapia e 11 (5,9%) com outras terapias. Em comparação à histerectomia isolada, o grupo quimio/radio/braquiterapia apresentou escore significativamente inferior no questionário MDASI, tanto na avaliação dos sintomas (p=0,004) quanto na interferência nas atividades diárias (p=0,035). O mesmo grupo também se mostrou com menor qualidade de vida em subescalas do FACT-Cx: bem-estar físico (p=0,004), preocupações específicas (p=0,035) e em avaliação conjunta desses fatores com bem-estar funcional (p=0,018). No FSFI, os escores de desejo (p=0,002) e dor (p=0,005) também foram inferiores nesse grupo. Não houve diferença significativa entre esses dois grupos e aquele tratado com histerectomia combinada com radioterapia. A reavaliação em 2 anos de uma subamostra demonstrou melhora significativa dos sintomas pelo MDASI (p<0,05), sem mudanças nos demais escores. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Mulheres tratadas com quimio/radio/braquiterapia apresentaram maior comprometimento da qualidade de vida e da função sexual quando comparadas àquelas submetidas à histerectomia isolada. Dessa forma, existe a necessidade da discussão sobre os efeitos do tratamento, na tentativa de minimizar a morbidade e preparar as pacientes para as mudanças físicas e mentais que acompanham a terapêutica.

PALAVRAS-CHAVE: Neoplasias do Colo do Útero; Qualidade de Vida; Sexualidade; Questionário de Saúde do Paciente; Estudos Longitudinais.