LACTATO: DA LARVA À BORBOLETA – UMA METAMORFOSE DE COMPREENSÃO
INTRODUÇÃO: Durante décadas, o lactato foi compreendido como subproduto do metabolismo anaeróbico, associado a condições críticas como sepse e hipóxia. No entanto, essa visão reducionista vem sendo superada por evidências que o reconhecem como uma molécula bioativa com funções regulatórias relevantes. No sistema nervoso central, sua importância se destaca diante da alta demanda energética e vulnerabilidade cerebrais às variações metabólicas. Estudos recentes mostram que o lactato não apenas participa do metabolismo bioenergético, mas também atua como sinalizador intracelular, modulando a comunicação entre astrócitos e neurônios. Esses mecanismos associam-se à plasticidade sináptica, neuroproteção, resposta glial e processos de reparo. Dessa forma, o interesse clínico pela molécula cresce diante de sua utilidade como biomarcador em condições neurológicas críticas, como traumatismo cranioencefálico, encefalopatias neonatais e doenças neurodegenerativas. Apesar disso, persistem lacunas sobre seu comportamento cerebral em distintos contextos fisiopatológicos. OBJETIVOS: Este estudo teve por objetivo investigar o papel do lactato endógeno no cérebro, com ênfase em suas funções metabólicas, efeitos neuroprotetores e aplicações clínicas como biomarcador. Como objetivos específicos foram explorados mecanismos de transporte e metabolismo, influências sobre plasticidade sináptica, neuroinflamação e aplicações diagnósticas e prognósticas, além de lacunas e controvérsias da literatura. MATERIAIS E MÉTODO: Trata-se de revisão integrativa com escopo delimitado ao sistema nervoso central humano. A pergunta norteadora foi: “Quais são as ações e aplicações clínicas do lactato no sistema nervoso central humano?”. As buscas ocorreram nas bases PubMed, ScienceDirect e SciELO, entre 2014 e 2024, utilizando os descritores (lactate) AND (brain). Definiram-se critérios de inclusão voltados à aplicabilidade clínica e exclusão de modelos animais, estudos secundários e sem relação direta ou indireta com cenários não neurológicos. A triagem foi realizada por três avaliadores independentes na plataforma digital de triagem sistemática Rayyan, com resolução consensual de divergências. Os estudos foram organizados tematicamente e registrados em planilhas de controle. RESULTADOS: Das 640 publicações inicialmente identificadas, 47 artigos foram incluídos após triagem e análise criteriosa. Os estudos foram distribuídos em oito eixos: plasticidade sináptica e neuroproteção (n=5), neuroinflamação e reparo neural (n=4), aplicações clínicas em neonatos (n=9), parada cardiorrespiratória (n=5), lesões cerebrais agudas (n=12), aplicações diversas (n=6), neuroimagem (n=3) e casos clínicos raros (n=3). A categorização temática possibilitou integração analítica dos achados, alinhada aos objetivos da pesquisa. Observou-se ainda aumento progressivo do número de publicações ao longo da última década, refletindo o crescente interesse científico. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os achados confirmam que o lactato desempenha papel ativo na homeostase cerebral, influenciando mecanismos neurogliais, sinápticos, inflamatórios e tróficos. Seu acúmulo e modulação revelam utilidade clínica como biomarcador diagnóstico e prognóstico. Apesar das limitações metodológicas e da escassez de ensaios clínicos robustos, os dados reforçam a relevância translacional do lactato na neurociência contemporânea.
PALAVRAS-CHAVE: Biomarcador; Neuroproteção; Neuroinflamação; Recém-Nascido.
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