AS RELAÇÕES ENTRE BRASIL E JAPÃO: A QUESTÃO DA IMIGRAÇÃO JAPONESA (1908-2008)
INTRODUÇÃO: A imigração japonesa foi, durante o século XX, o pilar das relações bilaterais entre Brasil e Japão, estabelecidas em 1895 justamente com o intuito de dar início ao processo migratório, importante para ambos os países. Entretanto, ao longo desse período, as relações nipo-brasileiras e a imigração japonesa oscilaram em intensidade, a depender de condições internas e externas dessas nações, havendo momentos de maior compromisso, como entre 1924 e 1942, e momentos de afastamento, como entre 1942 e 1951. OBJETIVOS: Essa pesquisa objetiva, portanto, identificar quais fatores orientaram as diferentes fases do processo migratório de japoneses para o Brasil, à luz da teoria das forças profundas de Jean-Baptiste Duroselle e Pierre Renouvin (1967), a qual afirma serem as questões geográficas, demográficas, econômicas, políticas e socioculturais, forças que afetam estruturalmente e moldam o comportamento dos Estados. MATERIAIS E MÉTODO: Foi feito um levantamento sobre as fontes referentes à imigração japonesa para o Brasil, que foram analisadas à luz da bibliografia historiográfica sobre o tema, em especial, a teria das forças profundas de Duroselle e Renouvin. RESULTADOS: Dessa forma, após a análise das fontes utilizadas, em especial os Anais das Constituintes de 1934 e 1946, e da bibliografia acerca da imigração japonesa e da política externa brasileira, foi possível reconhecer as principais forças que atuaram nas relações entre Brasil e Japão. Primeiramente, destacam-se o liberalismo e a industrialização, que tiveram como consequências: a inserção do Japão no mercado global, o excedente demográfico japonês, a decadência da escravidão no Brasil e a mecanização do campo, o que requeria mão-de-obra livre. Na primeira metade do século XX, foram também forças relevantes: no caso do Brasil, o próprio sistema escravista, a economia cafeeira, a miscigenação e o pensamento eugenista, que influenciaram grandemente a política e a sociedade brasileiras; e, no caso do Japão, o crescimento populacional e a geografia do país, que fizeram da imigração uma medida urgente a ser tomada. Já a partir da Segunda Guerra, há uma mudança de rumos nas relações entre Brasil e Japão, que foram interrompidas em 1942 após o ataque japonês a Pearl Harbor, sendo a principal força responsável por isso os interesses nacionais brasileiros. Na década de 50, por sua vez, foram retomadas as relações nipo-brasileiras, e podemos observar o papel crucial da demografia e da industrialização no pós-guerra, tendo o Japão novamente um excedente populacional, e o Brasil uma indústria em ascensão e carente de trabalhadores. CONSIDERAÇÕES FINAIS: E, por último, vale mencionar as forças que impulsionaram a imigração de brasileiros para o Japão no final da década de 80, e durante a década de 90, que foram especialmente o envelhecimento da população japonesa, que resultou em uma escassez de mão-de-obra, e a crise econômica que assolou o Brasil nesse período, e levou os descendentes de imigrantes japoneses a buscarem no Japão melhores oportunidades.
PALAVRAS-CHAVE: Imigração; Relações Brasil-Japão; Forças profundas.
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