IMPLEMENTAÇÃO DE TESTE DE IMUNODIAGNÓSTICO PARA DETECÇÃO DA HANSENÍASE EM UM CENTRO MÉDICO DE DERMATOLOGIA
INTRODUÇÃO: A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada principalmente pelo Mycobacterium leprae, que acomete pele e nervos periféricos. Apesar de tratável, seu diagnóstico clínico ainda representa um desafio, especialmente devido à ampla variabilidade de manifestações clínicas e a limitação de métodos laboratoriais. Especialmente em locais endêmicos que geralmente estão localizados em áreas com limitação tecnológica. Nesse contexto, necessita de ferramentas rápidas, acessíveis e de baixa complexidade que possam auxiliar na detecção precoce da infecção. O presente estudo integra o braço brasileiro de um projeto internacional mais amplo, cujo objetivo é aplicar e avaliar a viabilidade de implementação de dois testes imunodiagnósticos de baixa complexidade. Um deles é o teste POCDxv1, desenvolvido pelo grupo do Leiden University Medical Center (LUMC), parceiro nesta pesquisa, que permite a quantificação de IgM anti-fenolglicolipídeo-I (anti-PGL-I), um anticorpo específico contra o M. leprae. Com o andamento do estudo, uma nova iniciativa de recrutamento de voluntários no Hospital de Dermatologia Sanitária do Paraná (HDSPR) surgiu. Atualmente, o HDSPR, em credenciamento nacional como centro de referência em hanseníase no Paraná. Nesse contexto, a presente estudo visa em contribuir com o entendimento do comportamento do teste POCDxv1, através da incorporação do imunodiagnóstico na rotina do hospital, bem como da descrição a nível populacional de anticorpos anti-PGL-I. OBJETIVOS: Descrever os níveis séricos de anticorpos anti-PGL-I IgM em diferentes grupos clínicos por meio da aplicação do teste imunodiagnóstico point-of-care POCDxv1, em um centro de referência em dermatologia no Paraná. MATERIAIS E MÉTODO: A amostra populacional foi recrutada, por busca espontânea, no Hospital de Dermatologia Sanitário do Paraná (HDSPR). Os voluntários que aceitaram participar foram submetidos a uma coleta da gota de sangue periférico por punção digital. A amostra de sangue foi diretamente diluída em tampão e aplicada em cassetes de fluxo lateral, e lidos pelo equipamento UCP-Quant LFR. As análises estatísticas e descritivas foram feitas pelos softwares GraphPad Prism e Jamovi, utilizando-se média, mediana e desvio padrão, sempre que adequado. Variáveis quantitativas foram testadas para normalidade e homogeneidade de distribuição. RESULTADOS: Os níveis de anticorpos anti-PGL-I foram mais elevados em pacientes com hanseníase ativa em comparação aos contatos e indivíduos suspeito com diagnóstico descartado para hanseníase ativa. Contudo, o teste não diferenciou suspeitos de hanseníase ativa. Pacientes com mais de cinco lesões cutâneas e aqueles com nervos acometidos demonstraram uma tendência de níveis maiores de anti-PGL-I. Já pacientes com baciloscopia positiva e negativa tiveram uma tendencia semelhante de nível de anticorpo. Indivíduos portadores da cicatriz vacinal da BCG apresentaram tendência a níveis mais baixos de anticorpos em comparação aos que não apresentavam a cicatriz. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados reforçam o potencial do teste na detecção de indivíduos infectados pelo M. leprae como ferramenta auxiliar no diagnóstico da hanseníase, principalmente em casos multibacilares. Ainda, o estudo reforça a aplicação do teste em ambientes com infraestrutura laboratorial limitada.
PALAVRAS-CHAVE: Hanseníase; Imunodiagnóstico; Anti-PGL-1; Point-of-care; Teste rápido.
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