A FUNDAMENTAÇÃO DO ACONTECIMENTO DE ALAIN BADIOU NA PSICANÁLISE LACANIANA

INTRODUÇÃO: A presente pesquisa teve como objetivo explicitar a relação que se pode estabelecer entre o ato psicanalítico de Jacques Lacan e o acontecimento de Alain Badiou. OBJETIVOS: O problema central investigado foi como essas duas noções operam como rupturas que desafiam estruturas simbólicas estabelecidas, seja no campo clínico, filosófico ou político. A justificativa reside na urgência de se pensar alternativas ao modelo atual de produção. MATERIAIS E MÉTODO: Para tanto, a metodologia envolveu a leitura e o fichamento das obras O Seminário Livro 15: O ato psicanalítico (1967-1968) de Jacques Lacan e O Ser e o Evento (1996) de Alain Badiou, além de pesquisa sobre o contexto histórico que envolve a obra de ambos os pensadores. RESULTADOS: Os resultados e a discussão revelaram que, apesar de originados em campos distintos (o primeiro na psicanálise e o segundo na filosofia), ambos os conceitos compartilham uma estrutura comum e grande afinidade. A análise demonstrou que tanto o ato psicanalítico quanto o acontecimento operam como rupturas radicais com as ordens estabelecidas, seja a ordem simbólica do sujeito para Lacan ou o saber enciclopédico para Badiou. Essa ruptura culmina no surgimento de algo novo e na constituição de um sujeito que não preexistia, sendo este um efeito do percurso analítico ou da nomeação e fidelidade ao acontecimento. Constatou-se também que ambos os conceitos implicam uma aproximação com o real, aquilo que escapa à simbolização e à estrutura instituída são imprevisíveis e incalculáveis, sendo reconhecidos apenas a posteriori, além de ambos exigirem uma decisão subjetiva do indivíduo. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Em síntese, a pesquisa evidenciou que a filosofia de Badiou pode ser compreendida como um desdobramento do pensamento lacaniano, na medida em que o acontecimento se alinha com a lógica do ato psicanalítico. Essa interlocução teórica revela que Lacan e Badiou oferecem operadores potentes para a ruptura com os modos normativos de subjetivação, abrindo a possibilidade de reinvenção do sujeito para além da alienação moderna. As conclusões apontam para a importância de se explorar ainda mais as implicações éticas e políticas dessa intersecção, bem como a aplicabilidade prática desses operadores de ruptura em análises futuras.

PALAVRAS-CHAVE: Acontecimento; Ato Analítico; Falta; Real; Filosofia francesa.