O CAMPO ORGANIZACIONAL DO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO SOB A PERSPECTIVA DAS LÓGICAS INSTITUCIONAIS (1997-2024)
INTRODUÇÃO: Esta pesquisa tem como foco a análise do campo organizacional das Instituições de Ensino Superior (IES) no Brasil entre 1997 e 2024, com o objetivo de compreender as transformações estruturais e institucionais ocorridas a partir da atuação de diferentes lógicas institucionais em disputa. Inseridas em um contexto marcado por mudanças políticas, expansão da lógica mercantil e reconfiguração das políticas públicas, as universidades brasileiras operam sob pressões crescentes que desafiam sua missão acadêmica e sua sustentabilidade. OBJETIVOS: A partir da perspectiva das teorias dos campos organizacionais e das lógicas institucionais, o estudo busca identificar como essas ordens moldam o comportamento dos atores no campo do ensino superior, afetando sua governança, identidade e posição relativa. MATERIAIS E MÉTODO: Para isso, foram utilizados materiais bibliográficos relevantes, com ênfase em estudos nacionais e internacionais, além da análise documental de reportagens jornalísticas publicadas no acervo digital do jornal O Estado de S. Paulo (Estadão), entre 2017 e 2024, com a palavra-chave “universidade”. A investigação contempla também dados sistematizados previamente para os períodos de 1997 a 2017, permitindo uma análise longitudinal abrangente. A metodologia adotada foi qualitativa, com recorte temporal e teórico delimitado, e a análise foi conduzida manualmente. RESULTADOS: Os resultados indicam que o campo das IES brasileiras passou por três grandes fases: uma de expansão regulada com forte protagonismo estatal (1997–2010), outra de crise de legitimidade e descentralização (2011–2016) e, por fim, um ciclo de fragmentação normativa e ascensão de novos desafiantes privados (2017–2024), marcados pela financeirização da educação, pela ascensão do ensino a distância e pela perda de capacidade do Estado de coordenar o campo. As universidades públicas mantêm sua legitimidade simbólica, mas perderam efetividade política e financeira, enquanto grupos privados consolidaram poder material e passaram a redefinir as regras do jogo educacional. A análise evidencia que a configuração atual do campo é assimétrica e instável, sem evidência de novo assentamento institucional. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Conclui-se que o campo universitário brasileiro se encontra em permanente disputa entre lógicas públicas e mercantis, exigindo esforços analíticos contínuos e políticas públicas capazes de reequilibrar as forças em jogo. A pesquisa também contribui para ampliar a aplicação da teoria dos campos em contextos de economias periféricas e propõe caminhos futuros de investigação sobre os impactos da financeirização e da regulação estatal no ensino superior brasileiro.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino Superior; Lógicas Institucionais; Campo Organizacional; Políticas Educacionais.
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