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IMPACTO DA SOLIDÃO NA ADERÊNCIA AO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DE PACIENTES IDOSOS EM SEGUIMENTO AMBULATORIAL NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

GASPAR, Ellen Camily Rufatto ¹; BAENA, Cristina Pellegrino ²
Curso do(a) Estudante: Medicina – Escola de Medicina e Ciências da Vida – Câmpus Curitiba
Curso do(a) Orientador(a): Medicina – Escola de Medicina e Ciências da Vida – Câmpus Curitiba

INTRODUÇÃO: O envelhecimento populacional impõe desafios crescentes ao sistema de saúde, especialmente no manejo de doenças crônicas e na adesão aos tratamentos. Idosos frequentemente apresentam multimorbidades e regimes farmacológicos complexos, fato que dificulta a adesão medicamentosa. Entre os fatores envolvidos, destaca-se a solidão, reconhecida como um marcador psicossocial relevante. Embora estudos internacionais indiquem sua influência negativa na adesão medicamentosa, há escassez de evidências nacionais, especialmente no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS). OBJETIVOS: O presente estudo teve como objetivo analisar a associação entre solidão e adesão medicamentosa em uma amostra de idosos em acompanhamento ambulatorial pelo Sistema Único de Saúde (SUS). MATERIAIS E MÉTODO: Trata-se de um estudo observacional, transversal e multicêntrico, com 610 participantes com 60 anos ou mais, atendidos em serviços ambulatoriais de diferentes especialidades. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas estruturadas, escalas validadas de solidão (UCLA-BR), adesão ao tratamento medicamentoso (MAT e BMQ), além de instrumentos de avaliação funcional, cognitiva e de saúde mental. RESULTADOS: Dos 610 indivíduos com 60 anos ou mais atendidos no SUS que fazem parte da amostra, 15,2% (n = 93) foram diagnosticados com solidão. Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos com e sem solidão em relação à idade (p = 0,620), sexo (p = 0,061), escolaridade (p = 0,319), estado civil (p = 0,186), tabagismo (p = 0,915) e etilismo (p = 0,468). A renda média foi significativamente menor entre os solitários (p = 0,007), mas as faixas de renda não apresentaram diferenças (p = 0,581). A presença de doenças psiquiátricas, como transtorno de ansiedade generalizada (p = 0,007) e depressão (p = 0,021), foi mais prevalente entre os solitários (47,3% vs. 30,2%; p = 0,001), assim como o uso de antidepressivos (32,3% vs. 22,4%; p = 0,041). A sarcopenia (72,0% vs. 57,1%; p = 0,007), quedas (45,2% vs. 25,1%; p < 0,001) e fraturas (8,5% vs. 2,9%; p = 0,012) também foram mais comuns entre os solitários, assim como a dependência funcional (51,6% vs. 22,6%; p < 0,001). Na análise bivariada, a proporção de não aderentes foi significativamente maior entre os participantes solitários (44,1%) do que entre os não solitários (22,8%) (p < 0,001). Entretanto na análise multivariada, embora tenha apresentado tendência de associação (OR = 1,72; IC95%: 0,96–3,06), a adesão medicamentosa não atingiu significância estatística no modelo final (p = 0,064). Em contrapartida, como fatores independentemente associados à solidão há as doenças psiquiátricas (OR = 2,46; IC95%: 1,38–4,36; p = 0,002), a dependência funcional (OR = 2,92; IC95%: 1,65–5,17; p < 0,001) e as barreiras à adesão medicamentosa (OR = 3,80; IC95%: 1,28–11,27; p = 0,016). CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados indicam a necessidade de ações integradas e interdisciplinares nos serviços de saúde para o enfrentamento da solidão em idosos. Estratégias que combinem o cuidado clínico com intervenções psicossociais e de suporte funcional podem contribuir para a melhora da adesão medicamentosa e para a qualidade de vida dessa população.

PALAVRAS-CHAVE: Adesão à Medicação; Sistema Único de Saúde; Solidão; Idoso.

APRESENTAÇÃO EM VÍDEO

Legendas:
  1. Estudante
  2. Orientador
  3. Colaborador
Esta pesquisa foi desenvolvida com bolsa CNPq no programa PIBIC.

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