ECOLOGIA POLÍTICA E SOCIAL: UMA PROPOSTA DE FUNDAMENTAÇÃO PARA A ECOLOGIA INTEGRAL

INTRODUÇÃO: presente trabalho se insere no contexto das discussões contemporâneas sobre a Ecologia Integral, concebida como abordagem holística que articula os aspectos ambientais, sociais, mentais e espirituais da vida em comum. A pesquisa parte do reconhecimento da crise ecológica como expressão das desigualdades sociais, econômicas e culturais, propondo aprofundar teoricamente a dimensão da Ecologia Política e Social (EPS), com vistas a integrá-la aos fundamentos da Escala de Valores e Práticas de Ecologia Integral (EVAPEI), instrumento em construção no projeto guarda-chuva do qual este estudo faz parte. OBJETIVOS: O objetivo geral foi investigar os fundamentos teóricos da EPS no interior da Ecologia Integral para subsidiar a elaboração e o aperfeiçoamento da EVAPEI. Os objetivos específicos incluíram: a) revisão bibliográfica crítica sobre EPS e suas interfaces com a Ecologia Integral; b) análise das possibilidades da EPS fundamentar políticas públicas e práticas comunitárias sustentáveis; c) contribuição direta à fundamentação das assertivas da EVAPEI, especialmente na dimensão política e social. MATERIAIS E MÉTODO: A pesquisa adotou abordagem qualitativa, teórico-conceitual, ancorada na revisão e análise crítica de vinte textos acadêmicos selecionados nas plataformas SciELO e Google Scholar, a partir dos descritores “Ecologia Social”, “Ecologia Política”, “Ecologia Política e Social” e “Ecologia Integral”. Os textos foram lidos integralmente e submetidos a fichamento analítico, com destaque às interconexões entre a EPS e as demais dimensões da Ecologia Integral. A partir dessa análise, elaboraram-se categorias temáticas e assertivas classificadas como “consonantes” ou “dissonantes” com os princípios da Ecologia Integral, correlacionadas à Encíclica Laudato Si’. RESULTADOS: A análise bibliográfica permitiu identificar e justificar teoricamente assertivas da EVAPEI em quatro dimensões da Ecologia Integral (ambiental, política-social, mental e integral). Foram construídos quadros explicativos com embasamento em autores como Leonardo Boff, Ailton Krenak, Fritjof Capra, Michael Löwy e outros, destacando temas como racismo ambiental, justiça interespécies, espiritualidades ecoéticas, críticas ao capitalismo e valorização de cosmologias indígenas. As assertivas consonantes reforçam valores como cuidado, justiça social, sobriedade e interdependência, enquanto as dissonantes revelam crenças contrárias à ética ecológica, como o negacionismo climático, a exploração da natureza como direito e a desvinculação entre espiritualidade e ecologia. A EVAPEI, assim fundamentada, visa tornar-se instrumento útil para aferir o grau de adesão de indivíduos e coletividades aos valores da Ecologia Integral. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A pesquisa consolidou os alicerces teóricos da dimensão político-social da Ecologia Integral, evidenciando sua relevância na construção de uma ética comprometida com a justiça socioambiental, a emancipação dos povos e a crítica ao modelo civilizatório hegemônico. A fundamentação da EVAPEI, ancorada em referenciais decoloniais, espiritualizados e contra-hegemônicos, contribui para o desenvolvimento de uma ferramenta ética, crítica e transformadora, alinhada ao paradigma do bem viver e à construção de uma Casa Comum plural, justa e sustentável.

PALAVRAS-CHAVE: Ecologia Integral; Ecologia Política e Social; Problemas socioambientais; Escalas; Ética.