AVALIAÇÃO DO NEURODESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS DE 3 MESES CUJAS MÃES APRESENTARAM DENGUE DURANTE A GESTAÇÃO POR MEIO DO AGE & STAGES QUESTIONNAIRE – ASQ
INTRODUÇÃO: Estudos tem reportado a associação de infecções maternas durante a gestação com atraso no neurodesenvolvimento da prole. Por outro lado, a dengue, infecção causada pelo vírus DENV registra milhões de casos no Brasil todos os anos. Achados mostram que a dengue está associada a desfechos gestacionais desfavoráveis, mas ainda carecem estudos que avaliem os impactos da exposição ao DENV durante a gestação no neurodesenvolvimento infantil. OBJETIVOS: Este estudo teve como objetivo avaliar o neurodesenvolvimento de crianças de três meses de idade cujas mães foram expostas à dengue durante a gestação, uma condição de saúde pública de grande relevância no Brasil com potenciais implicações no desenvolvimento fetal. Adicionalmente, buscou-se investigar a associação entre diversas características e comorbidades maternas e o neurodesenvolvimento infantil. MATERIAIS E MÉTODO: Trata-se de uma coorte prospectiva que incluiu 66 díades mãe-filho(a), divididas entre um grupo exposto ao vírus da Dengue (n=15) e um grupo controle (n=51), sendo os dados maternos e infantis coletados em ambulatórios especializados. A avaliação do neurodesenvolvimento das crianças foi conduzida aos três meses de vida por meio do questionário padronizado Ages & Stages Questionnaires (ASQ-3), que abrange os domínios de comunicação, motricidade grossa, motricidade fina, resolução de problemas e pessoal-social. As análises estatísticas empregaram testes comparativos e modelos de regressão linear multivariada para ajustar possíveis fatores de confusão. RESULTADOS: Os resultados revelaram que, mesmo após o ajuste para múltiplas covariáveis, a exposição materna à Dengue in utero não demonstrou associação estatisticamente significativa com alterações nos escores de neurodesenvolvimento em nenhum dos domínios avaliados pelo ASQ-3. No entanto, foi identificada uma associação significativa entre o diabetes gestacional e uma redução nos escores do domínio de motricidade fina, sugerindo que esta comorbidade materna pode ser um fator de risco independente para o desenvolvimento motor fino antes de 1 ano de vida. A ausência de significância estatística para a exposição à Dengue é discutida em função da amostra reduzida de crianças expostas, o que pode ter limitado o poder estatístico do estudo. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Conclui-se que o controle glicêmico adequado na gestação é crucial para o neurodesenvolvimento, e que estudos futuros, com amostras maiores e acompanhamento longitudinal prolongado, são essenciais para elucidar completamente os impactos da infecção por Dengue durante a gravidez no desenvolvimento infantil.
PALAVRAS-CHAVE: Dengue; Gestação; Neurodesenvolvimento infantil.
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