O ENFRENTAMENTO AO SEXISMO E AO RACISMO POR MEIO DO FEMINISMO DECOLONIAL
INTRODUÇÃO: A presente pesquisa articula gênero, raça e classe sob a ótica do feminismo decolonial, questionando a geopolítica do conhecimento e a colonialidadedo poder. Considerou-se que as produções literárias e acadêmicas devem caminhar juntas na propagação de uma epistemologia que represente os sujeitos do Sul global. As mulheres negras, no Brasil, continuam sendo as mais afetadas por violências de gênero, racismo e desigualdades socioeconômicas. Destacou-se o feminismo decolonial como ferramenta essencial para a crítica ao modelo eurocêntrico de produção de saber e como instrumento político e social de resistência, com foco na valorização das múltiplas vivências de mulheres não-brancas. OBJETIVOS: Este estudo tem como finalidade investigar o feminismo decolonial e sua expressão por meio de movimentos sociais, buscando compreender como essa vertente dá voz às mulheres não-brancas e fortalece a resistência frente aos marcadores sociais de raça, gênero e classe. Especificamente, pretendeu-se identificar o feminismo decolonial como um movimento teórico-prático que evidencia a interseccionalidade entre esses marcadores, selecionar movimentos sociais feministas brasileiros cuja atuação se baseia em práticas interseccionais e, a partir deles, estruturar diretrizes para uma cartilha orientadora. Além disso, analisou-se o potencial emancipatório dessas experiências, com o objetivo de extrair contribuições para o enfrentamento do racismo e do sexismo de forma crítica e transformadora. MATERIAIS E MÉTODO: Adotou-se uma abordagem qualitativa, com métodos histórico-dialético, bibliográfico e documental. A pesquisa é classificada como descritiva quanto aos objetivos e crítica quanto à sua própria metodologia, inspirando-se na necessidade de romper com padrões eurocêntricos de produção de conhecimento. RESULTADOS: A pesquisa elencou como classe, raça e gênero se entrelaçam na opressão de mulheres subalternizadas sob o capitalismo global, herdeiro do colonialismo. A perspectiva decolonial, especialmente o feminismo decolonial, é apresentada como resposta emancipatória, capaz de questionar e transformar estruturas históricas de dominação, revelando desigualdades enraizadas na sociedade, salientando a atuação prática do feminismo decolonial por meio de movimentos sociais brasileiros liderados por mulheres negras. Em relação aos movimentos sociais, foram analisados movimentos como Geledés, Odara, Criola e outros, que combatem o racismo, o sexismo e a colonialidade, promovendo justiça social e estratégias emancipatórias. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Concluiu-se que a colonialidade influencia diretamente a construção do conceito de gênero, raça e classe, uma vez que as mulheres foram historicamente impedidas de exercer autonomia sobre seus próprios saberes e trajetórias, sendo submetidas a padrões e papéis sociais estereotipados impostos por estruturas de poder. O racismo e o sexismo, interligados por excelência, devem ser enfrentados pelo feminismo decolonial. Isso porque o pensamento e as opções decoloniais representam um esforço analítico profundo e necessário para desvendar e superar a lógica da colonialidade oculta sob o discurso da modernidade. Por fim, compreendeu-se que movimentos sociais com perspectiva decolonial são fundamentais para questionar e desestabilizar as estruturas de poder herdadas do colonialismo que ainda moldam as relações sociais, políticas, culturais e econômicas na América Latina. O pensar decolonial é urgente e serve para compreender e superar a lógica da colonialidade que sustenta a modernidade e perpetua as desigualdades a ela inerentes.
PALAVRAS-CHAVE: Feminismo decolonial; Interseccionalidade; Movimentos sociais; Gênero; Colonialidade.
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