MONTAIGNE PRECURSOR DA FILOSOFIA PARA CRIANÇAS
INTRODUÇÃO: Este trabalho propõe uma aproximação entre a Filosofia para Crianças (FPC), desenvolvida por Matthew Lipman e Ann Margaret Sharp, e as ideias educacionais presentes nos escritos de Michel de Montaigne. O estudo parte do reconhecimento de que Montaigne não figura entre os autores clássicos citados na formação da FPC, mas levanta a hipótese de que seu pensamento oferece fundamentos pedagógicos convergentes com os objetivos da proposta contemporânea. OBJETIVOS: O objetivo central da pesquisa foi investigar em que medida a filosofia cética de Montaigne pode ser compreendida como precursora da FPC. MATERIAIS E MÉTODO: Para isso, foram analisados seus textos voltados à educação das crianças, com destaque para os ensaios em que ele critica a educação escolástica tradicional, baseada na memorização e na autoridade, defendendo, em seu lugar, uma aprendizagem ativa, baseada na experiência e na reflexão. A metodologia adotada consistiu em revisão bibliográfica com base nos textos de Montaigne, nas obras centrais da FPC e em comentadores contemporâneos que analisam essas propostas educacionais. RESULTADOS: Os resultados indicam que há diversos pontos de convergência entre Montaigne e a FPC, especialmente no que se refere à valorização da escuta, do pensamento autônomo, do diálogo e da formação crítica desde a infância. Embora separados por contextos históricos distintos, ambos os referenciais compartilham a preocupação com a liberdade de pensamento e com a formação de sujeitos conscientes e éticos. A discussão do trabalho evidenciou também os riscos de anacronismo, os quais foram cuidadosamente considerados na análise. Conclui-se que Montaigne pode ser legitimamente considerado um precursor da FPC, na medida em que antecipa intuições pedagógicas que mais tarde seriam sistematizadas por Lipman e Sharp. Além disso, esta aproximação permite expandir o campo teórico da FPC, promovendo novas possibilidades de leitura e aplicação prática de suas diretrizes. A pesquisa sugere, ainda, que novas investigações busquem outros autores modernos que, à semelhança de Montaigne, tenham contribuído para a construção de uma pedagogia filosófica voltada à infância. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Dessa forma, o presente trabalho colabora para o fortalecimento da presença da filosofia no ambiente escolar, reafirmando seu papel como instrumento essencial para o desenvolvimento da autonomia intelectual e da capacidade crítica das crianças.
PALAVRAS-CHAVE: Filosofia para Crianças; Michel de Montaigne; Educação; Pensamento Crítico; Ceticismo.
Para validarmos seu voto, por favor, preencha os campos abaixo. Alertamos que votos duplicados ou com CPF inválido não serão considerados.