CARACTERIZAÇÃO DE LINFOMAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
INTRODUÇÃO: O linfoma primário do sistema nervoso central (LPSNC) é uma neoplasia rara e agressiva, mais comum em pessoas acima de 60 anos, com pico na 7ª década e relação com imunossupressão. Cerca de 90% dos casos correspondem ao linfoma difuso de grandes células B (LDGCB), caracterizado por crescimento rápido e padrão difuso de células grandes. O diagnóstico é confirmado por biópsia e imunohistoquímica, na qual o CD20 é o marcador mais frequente, permitindo uso de rituximabe, fármaco central nos principais esquemas terapêuticos; o Ki-67 indica a taxa de proliferação tumoral, sendo altos valores associados a maior agressividade; e o CD30, quando expresso, possibilita terapias alvo como o brentuximabe, embora seu valor prognóstico ainda seja discutido. O tratamento envolve indução e consolidação, geralmente com metotrexate e rituximabe, podendo incluir quimioterapia combinada, radioterapia — limitada em idosos pelo risco neurotóxico — ou transplante de células-tronco. Idade avançada, especialmente acima de 80 anos, perfil imunohistoquímico e resposta inicial ao tratamento influenciam fortemente o prognóstico, com recidivas frequentes nos dois primeiros anos. OBJETIVOS: O objetivo geral deste estudo foi caracterizar os linfomas do sistema nervoso central em pacientes atendidos no Hospital Nossa Senhora das Graças, através da análise de dados demográficos e marcadores imunohistoquímicos, visando ampliar o entendimento sobre os diferentes tipos tumorais e os perfis de pacientes mais acometidos. Especificamente, buscou-se correlacionar a expressão tecidual dos biomarcadores com sobrevida e mortalidade, bem como com variáveis clínico-patológicas. MATERIAIS E MÉTODO: O estudo, aprovado pelo CEP da PUCPR (6.851.265), de caráter descritivo e retrospectivo, com análise de dados clínicos e anatomopatológicos obtidos por revisão de prontuários e imunohistoquímica. A caracterização imunofenotípica foi realizada no HNSG, empregando os biomarcadores CD20, para identificação e confirmação do fenótipo B; CD30, para avaliação da agressividade tumoral e indicação de terapias-alvo; e Ki-67, para estimar o índice proliferativo. Foram coletadas informações como sexo, idade ao diagnóstico, sorologia para HIV, sobrevida livre de doença, recidiva e óbito. A análise descritiva foi conduzida no software Microsoft Excel. RESULTADOS: A análise descritiva, baseada em prontuários, incluiu 17 pacientes com LPSNC, predominantemente idosos (80% com mais de 70 anos) e com discreta predominância masculina (9). Todos eram soronegativos para HIV. Houve recidiva confirmada em 50% dos pacientes com seguimento clínico e óbito registrado em dois dos quatro com essa informação. A imunohistoquímica confirmou LDGCB pela expressão de CD20 na maioria dos casos. CD30 foi positivo em 23% dos tumores, sendo um com 40% das células marcadas e os demais com menos de 1%. O índice de Ki-67 variou entre 60% e 95% (média de 82,15%), evidenciando alta proliferação, com um caso de avaliação inconclusiva. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O estudo destacou que os LPSNC, especialmente LDGCB afetam principalmente idosos, sem associação com HIV, com alto índice de recidiva e mortalidade. A imunohistoquímica indicou alta proliferação pelo Ki-67, associada à agressividade tumoral; o CD20 confirmou o subtipo e indicou terapia, enquanto o CD30 teve baixa expressão e impacto limitado. Nenhum marcador isolado foi capaz de prever desfechos isoladamente, evidenciando a necessidade de avaliação integrada e estudos para melhorar diagnóstico, tratamento e prognóstico.
PALAVRAS-CHAVE: Linfoma; LDGCB; Imunoterapia.
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