METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DA RESILIÊNCIA CLIMÁTICA DE EDIFICAÇÕES
INTRODUÇÃO: As mudanças climáticas, marcadas pelo aumento de eventos extremos como ondas de calor e enchentes, ameaçam a segurança, o conforto e a sustentabilidade das comunidades, especialmente em áreas de baixa renda com infraestrutura precária. No Paraná, região de relevância devido à diversidade climática e à intensificação de desastres, a avaliação e a melhoria da resiliência das edificações tornam-se urgentes, sobretudo para habitações com recursos limitados. Ferramentas de simulação, como o software Domus, auxiliam na análise do desempenho higrotérmico e energético, mas exigem arquivos climáticos futuros confiáveis, obtidos por técnicas como morphing e downscaling dinâmico. Este trabalho integra avanços metodológicos para promover adaptação climática, conforto térmico e eficiência energética, fortalecendo a capacidade das edificações brasileiras de enfrentar cenários climáticos incertos. OBJETIVOS: O objetivo deste trabalho é desenvolver uma metodologia para avaliar a resiliência de edificações de baixa renda às mudanças climáticas no Paraná, por meio do estudo da literatura, definição e análise de estudos de caso, aplicação e comparação de métodos, e realização de simulações com o software Domus. MATERIAIS E MÉTODO: A pesquisa foi conduzida por meio de uma revisão bibliográfica (2010–2024) sobre métodos de avaliação da resiliência climática de edificações, utilizando a principais bases de pesquisa acadêmica indexadas, com descritores relacionados a resiliência climática, conforto térmico, simulação energética, avaliação de edificações, mudanças climáticas e modelagem climática. A metodologia proposta baseou-se na execução de simulações no software Domus, mantendo a geometria, condições iniciais e de contorno, alterando apenas propriedades térmicas do telhado, para calcular indicadores como graus-dia de resfriamento, percentual do tempo acima de 25 °C e tempo de recuperação térmica. Como estudo de caso, adotou-se o modelo BESTEST Caso 600, representando uma habitação unifamiliar simplificada no Paraná, com balanço energético calculado no Domus a partir de dados climáticos futuros. O modelo possui baixa inércia térmica, área útil de 48 m², janelas orientadas ao norte e propriedades construtivas definidas pela norma, sendo que as características do telhado foram modificadas para avaliação comparativa. RESULTADOS: Os resultados indicam que, no cenário climático projetado para 2050 (RCP 8.5), a cobertura cerâmica amarela apresentou o melhor desempenho térmico, demandando cerca de 36% menos resfriamento (CDH) que a cobertura de concreto grafite e mantendo a temperatura interna acima de 25 °C por apenas 29% do tempo, contra cerca de 50% para a pior opção. Entre coberturas do mesmo material, as mais claras reduziram o CDH em até 36% para cerâmica e 18% para concreto em relação às mais escuras. O tempo médio de recuperação térmica foi de 26 h, com vantagem para a cerâmica amarela (20 h) frente ao concreto grafite (29 h), evidenciando que materiais e cores de menor absortividade e emissividade podem melhorar significativamente a resiliência térmica em edificações de baixa inércia sob condições de aquecimento futuro. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O estudo mostrou que a metodologia é capaz de avaliar a resiliência térmica de edificações de baixa renda em cenários climáticos futuros, evidenciando que coberturas de menor absortividade e emissividade reduzem significativamente a demanda por resfriamento.
PALAVRAS-CHAVE: Resiliência térmica; Mudanças climáticas; Conforto térmico; Simulação energética; Eficiência energética.
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