“ANÁLISE DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES INTERNADOS POR INFARTO DO MIOCÁRDIO SEM OBSTRUÇÃO DE ARTÉRIAS CORONÁRIAS (MINOCA)”
INTRODUÇÃO: O infarto do miocárdio sem obstrução de artérias coronárias (MINOCA) corresponde a uma apresentação clínica de síndrome coronariana aguda (SCA) caracterizada por lesão miocárdica aguda, ausência de estenose coronariana ≥ 50% em vaso epicárdico e exclusão de diagnósticos diferenciais. Apesar de corresponder a 3-15% dos casos de infarto agudo do miocárdio (IAM), ainda é pouco compreendido. Apresenta mecanismos fisiopatológicos heterogêneos e perfis clínicos distintos em relação ao infarto por doença arterial coronariana obstrutiva. Visto a relevância dessa condição e sua contribuição para morbimortalidade cardiovascular, é fundamental conhecer seu perfil epidemiológico para aprimorar métodos diagnósticos, terapêuticos e preventivos. OBJETIVOS: Avaliar o perfil epidemiológico de pacientes internados com MINOCA em um hospital de referência no Paraná e identificar os principais fatores de risco relacionados a essa condição. MATERIAIS E MÉTODO: Estudo transversal, prospectivo, observacional e descritivo realizado na Santa Casa de Curitiba, entre agosto de 2024 e julho de 2025. Foram incluídos pacientes ≥ 18 anos, com diagnóstico de SCA e ausência de estenose ≥ 50% em vaso epicárdico, após a exclusão de diagnósticos alternativos. Foram excluídos indivíduos com DAC conhecida, revascularização prévia ou evento cardiovascular prévio. A coleta de dados incluiu revisão de prontuários, entrevistas e análise de exames laboratoriais e de imagem. Variáveis categóricas foram expressas em frequência e percentual, e variáveis contínuas em média ± desvio padrão, mediana, mínimo e máximo. RESULTADOS: Foram incluídos 21 participantes, 76,2% do sexo feminino, idade média de 57,5 ± 13,9 anos, predominando mulheres na pós-menopausa (75%). Fatores de risco mais prevalentes: hipertensão arterial sistêmica (63,2%), diabetes mellitus tipo 2 (36,8%), dislipidemia (31,6%) e obesidade (21,1%), com IMC médio de 28,9 kg/m2 (sobrepeso) e sedentarismo em 71,4%. História atual ou prévia de tabagismo ocorreu em 38,1% e de etilismo em 19,1%. Clinicamente, apresentaram dor torácica retroesternal (85,7%), em aperto ou queimação, com irradiação para dorso, braço ou mandíbula. No ECG inicial, houve predomínio de IAM sem supradesnivelamento do ST (76,2%). Todos os participantes tiveram troponina elevada; ecocardiograma registrou alterações de contratilidade em 43,8% e fração de ejeção média de 51,1%. O cateterismo coronariano confirmou ausência de lesões obstrutivas em 100% dos casos. A ressonância magnética cardíaca não foi realizada por indisponibilidade. O tratamento inicial incluiu aspirina, segundo antiplaquetário e anticoagulação; na alta, predominaram estatinas, antiplaquetários e IECA/BRA. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O estudo cumpriu seu objetivo ao descrever o perfil epidemiológico de pacientes internados com MINOCA, evidenciando predomínio em mulheres na pós-menopausa e associação com múltiplos fatores de risco cardiovasculares. Apesar da ausência de obstrução coronariana, o quadro clínico foi semelhante ao do IAM por DAC obstrutiva, exigindo abordagem diagnóstica criteriosa. A indisponibilidade de exames avançados, como a ressonância magnética cardíaca, limitou a definição etiológica. O manejo seguiu, em grande parte, recomendações de diretrizes para SCA. Reforça-se que MINOCA não é uma condição benigna, sendo imprescindível ampliar o acesso a métodos diagnósticos avançados e implementar protocolos específicos, com o objetivo de reduzir morbimortalidade e melhorar desfechos clínicos.
PALAVRAS-CHAVE: MINOCA; Infarto Agudo do Miocárdio; Síndrome Coronariana Aguda; Perfil Epidemiológico; Doença Arterial Coronariana NãoObstrutiva.
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