SEXUALIDADE NA FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA DA PUCPR
INTRODUÇÃO: A sexualidade é uma dimensão fundamental da experiência humana, atravessando fatores históricos, culturais, sociais e psicológicos, mas ainda pouco explorada na formação inicial em Psicologia. Pesquisas da área apontam que os currículos dos cursos de Psicologia tendem a marginalizar essa temática, abordando-a de forma periférica, normativa ou patologizante, especialmente vinculada ao campo clínico. Nesse cenário, ganha relevância compreender como a sexualidade vem sendo incorporada nos processos formativos, considerando os marcos éticos da profissão, as diretrizes curriculares nacionais e a necessidade de práticas psicológicas inclusivas e sensíveis à diversidade sexual e de gênero. Assim, esta pesquisa justifica-se pela importância de analisar criticamente como os conceitos de sexualidade, identidade de gênero, orientação afetivo-sexual e psicopatologia sexual são abordados ao longo da graduação. OBJETIVOS: Este trabalho teve como propósito analisar de que forma a temática da sexualidade está presente na graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), campus Curitiba, entre 2011 e 2024, identificando a frequência, a relevância e o enfoque dado ao tema nas disciplinas obrigatórias. MATERIAIS E MÉTODO: Para alcançar este objetivo, foi desenvolvida uma pesquisa documental exploratória, fundamentada no construcionismo social, com levantamento e análise de matrizes curriculares, ementas e projetos pedagógicos do curso. O processo envolveu a identificação da ocorrência de conceitos relacionados à sexualidade, práticas sexuais, orientação afetivo-sexual, psicopatologia sexual e identidade de gênero, além da classificação das disciplinas quanto à centralidade, à abordagem periférica ou à ausência do tema. RESULTADOS: Os resultados indicaram que, das 50 disciplinas obrigatórias, apenas 16 abordam sexualidade de forma direta ou indireta, e somente duas — Antropologia Cultural e Desigualdades e Diversidades sob o Enfoque da Psicologia — tratam o assunto como eixo central, com abordagem crítica, interdisciplinar e decolonial. A maior parte das demais disciplinas insere o tema de modo fragmentado e normativo, geralmente vinculado à psicopatologia ou a contextos clínicos, reproduzindo visões históricas patologizantes e individualizantes da sexualidade. Além disso, observou-se que as disciplinas com maior carga horária ou foco prático raramente exploram a sexualidade como dimensão estruturante da subjetividade, limitando a formação de profissionais preparados para atuar de forma ética e inclusiva diante da diversidade sexual e de gênero. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Conclui-se que a matriz curricular da PUCPR mesmo carecendo de transversalidade na abordagem da sexualidade, em seu território ainda se destaca em relação as pesquisas comparativas. O estudo reforça a urgência de reformulações curriculares que ampliem a presença da sexualidade na graduação, promovam perspectivas despatologizantes, interdisciplinares e alinhadas aos direitos humanos, permitindo a construção de uma Psicologia mais sensível à pluralidade e às demandas sociais atuais.
PALAVRAS-CHAVE: Sexualidade; Formação Psicologia; Currículo; Orientação sexual; Diversidade.
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