AVALIAÇÃO DA EXCESSIVA PROFILAXIA FARMACOLÓGICA PARA TROMBOEMBOLISMO VENOSO (TEV) EM PACIENTES CLÍNICOS E CIRÚRGICOS E SEU RESPECTIVO CUSTO EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA CIDADE DE CURITIBA-PR
INTRODUÇÃO: O tromboembolismo venoso (TEV) representa uma das principais causas de morbimortalidade hospitalar e compreende manifestações como a trombose venosa profunda (TVP) e o tromboembolismo pulmonar (TEP). Apesar da existência de diretrizes bem estabelecidas para a estratificação de risco e a indicação da profilaxia farmacológica, persistem falhas na aplicação dessas recomendações na prática clínica. Diante desse cenário, torna-se essencial avaliar a adequação das medidas de tromboprofilaxia em instituições hospitalares de grande porte. OBJETIVOS: Avaliar a adequação da profilaxia farmacológica para TEV em pacientes clínicos hospitalizados em um hospital universitário da cidade de Curitiba, utilizando a Escala de Pádua como modelo de estratificação de risco. MATERIAIS E MÉTODO: Trata-se de um estudo observacional transversal, baseado na análise retrospectiva de prontuários eletrônicos, realizado entre junho e dezembro de 2024. Foram incluídos 80 pacientes adultos (≥18 anos), internados por mais de três dias em unidades clínicas, excluindo-se aqueles com alto risco de sangramento ou que estiveram em unidades de terapia intensiva. O risco tromboembólico foi classificado pela Escala de Pádua. A conduta profilática foi avaliada com base nos registros institucionais de medicamentos administrados durante a internação. Considerou-se adequada a conduta que apresentava correspondência entre a estratificação de risco e o uso documentado de anticoagulantes, conforme as recomendações das diretrizes clínicas vigentes. RESULTADOS: Entre os 80 pacientes avaliados, a média de idade foi de 63 anos, com predomínio do sexo masculino (63,8%). Os fatores de risco tromboembólicos mais frequentemente identificados foram infecção aguda, idade avançada e mobilidade reduzida por período superior a três dias. Pela Escala de Pádua, 48 pacientes (60%) foram classificados como de alto risco e 32 (40%) como de baixo risco. No grupo de alto risco, 40 pacientes (83,3%) receberam profilaxia farmacológica, enquanto 8 (16,7%) não foram medicados. Já entre os pacientes de baixo risco, 17 (53,1%) receberam profilaxia, apesar da ausência de indicação formal. Considerando a adequação geral, 68,8% dos pacientes receberam condutas compatíveis com o risco estratificado, enquanto 31,2% apresentaram condutas não compatíveis, evidenciando falhas relevantes na aplicação prática das diretrizes. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O estudo identificou frequente dissociação entre a estratificação de risco e a conduta profilática adotada, com destaque para a prescrição de anticoagulantes em pacientes de baixo risco. Esses achados apontam para fragilidades na adesão às diretrizes clínicas, além de potenciais riscos à segurança do paciente. As limitações incluem a ausência de avaliação direta dos desfechos clínicos e o uso exclusivo da Escala de Pádua. Futuros estudos devem considerar a comparação entre diferentes modelos de estratificação, bem como investigar os desfechos associados às condutas inadequadas, visando qualificar a prática clínica.
PALAVRAS-CHAVE: Tromboembolismo venoso; Profilaxia farmacológica; Estratificação de risco; Escala de Pádua; Conduta clínica.
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