OS OBSTÁCULOS ENFRENTADOS NOS CUIDADOS PALIATIVOS AOS PACIENTES COM TRANSTORNO PSIQUIÁTRICO ASSOCIADO: UMA REFLEXÃO A PARTIR DOS PRINCÍPIOS BIOÉTICOS
INTRODUÇÃO: Com o avanço da medicina e o aumento da longevidade, tornou-se cada vez mais comum a detecção de doenças crônicas e incuráveis, levando ao crescimento da importância dos cuidados paliativos como abordagem centrada na dignidade e no alívio do sofrimento em todas as suas dimensões. Dentre os contextos clínicos mais desafiadores, destaca-se a intersecção entre os cuidados paliativos e os transtornos psiquiátricos, cenário em que se evidenciam múltiplas dificuldades para a assistência integral. OBJETIVOS: Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar os obstáculos enfrentados na condução dos cuidados paliativos a pacientes com transtornos psiquiátricosassociados, com ênfase nos princípios bioéticos. Especificamente, buscou-se compreender os fundamentos e condutas mais adequadas a esses pacientes e estudar formas de amenizar seu sofrimento com base em referenciais bioéticos. MATERIAIS E MÉTODO: A metodologia adotada foi uma revisão sistemática da literatura científica nacional e internacional publicada nos últimos 15 anos, com uso de descritores relacionados a cuidados paliativos, transtornos mentais e bioética, utilizando como base principal a plataforma PubMed e Scielo. RESULTADOS: Os resultados evidenciam que pacientes com transtornos psiquiátricos em cuidados paliativos enfrentam estigmas, negligência e barreiras estruturais, como falta de preparo das equipes, ausência de protocolos clínicos específicos e dificuldades na comunicação e adesão ao tratamento. Além disso, constatou-se que a aplicação dos princípios bioéticos tradicionais, como autonomia, beneficência e não maleficência, demanda adaptações frente à vulnerabilidade desses pacientes, sendo a Bioética da Proteção um referencial mais adequado por considerar a equidade e a singularidade das experiências subjetivas. Estratégias como escuta ativa, cuidados centrados na dignidade, espiritualidade, ortotanásia e diretivas antecipadas de vontade demonstram-se eficazes na construção de um cuidado sensível e individualizado. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Conclui-se que a intersecção entre cuidados paliativos e saúde mental exige formação específica das equipes, fortalecimento da abordagem multiprofissional e o desenvolvimento de protocolos clínico-bioéticos que considerem os limites da autonomia e as necessidades emocionais, espirituais e relacionais desses pacientes, reconhecendo que o cuidado, mesmo quando não curativo, pode ser a expressão máxima de dignidade e presença.
PALAVRAS-CHAVE: Cuidados paliativos; Transtornos mentais; Bioética.
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