APLICAÇÃO DO PROTOCOLO IRDI EM PREMATUROS EGRESSOS DE UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVO NEONATAL
INTRODUÇÃO: A constituição psíquica de um sujeito, especialmente quando atravessada por situações de prematuridade, internação hospitalar e vulnerabilidade social, exige uma escuta qualificada que vá além dos marcadores biológicos. Nesse contexto, a pesquisa “Eficácia do Protocolo IRDI para o Desenvolvimento Infantil com Prematuros Egressos de UTI Neonatal” investiga os efeitos do vínculo mãe-bebê e do uso da linguagem na detecção precoce de riscos ao desenvolvimento psíquico. Inserida no campo da saúde pública e da psicanálise aplicada, propõe pensar o bebê não apenas como corpo biológico, mas como sujeito de desejo em constituição, cuja inserção no laço simbólico depende das condições materiais, afetivas e imaginárias ao seu redor. OBJETIVOS: O objetivo geral foi verificar a eficácia do Protocolo IRDI na detecção de riscos psíquicos em bebês prematuros. Especificamente, buscou-se aplicar o protocolo em contextos hospitalar e ambulatorial, identificar os principais indicadores ausentes a partir dos quatro eixos teórico-clínicos da psicanálise (suposição de sujeito, demanda, alternância presença-ausência e função paterna) e refletir sobre os desafios de sua inserção nos serviços públicos de saúde. MATERIAIS E MÉTODO: A pesquisa, de abordagem qualitativa, foi fundamentada na teoria psicanalítica, com base em Freud, Lacan, Laznik e autores brasileiros que trabalham com clínica de bebês. Foram realizadas observações clínicas e entrevistas com cuidadores de bebês de 0 a 18 meses, na UTI Neonatal do Hospital Bom Jesus e no Ambulatório Materno Infantil de Toledo. A aplicação do IRDI ocorreu por meio da “Oficina de Palavras”, entrevista com perguntas abertas que favoreceu a expressão da linguagem entre mãe e bebê. Os dados foram sistematizados e analisados com base nos eixos teóricos do protocolo, com aprofundamento por estudo de caso. RESULTADOS: A continuidade dos participantes foi um desafio, especialmente entre os egressos da UTINeo. O protocolo foi aplicado integralmente em sete casos, dos quais três eram prematuros. O caso de Gabriel revelou indicadores ausentes: ausência de vocalizações, choro, busca pelo olhar da mãe e reconhecimento simbólico materno. A análise, baseada em Laznik, apontou falhas no circuito pulsional e na alienação simbólica, associadas a fatores como vulnerabilidade financeira, ausência de rede de apoio e dificuldade materna de estabelecer vínculo. Limitações institucionais também emergiram, como baixa adesão familiar, falta de espaços adequados e escasso engajamento das equipes de saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O estudo confirma o potencial do IRDI na identificação precoce de entraves ao desenvolvimento psíquico. Apesar das limitações da amostra, evidencia-se a relevância de práticas clínicas que reconheçam o bebê como sujeito e promovam uma escuta para aqueles que estão aprendendo a se expressar.
PALAVRAS-CHAVE: Infância; Psicanálise; IRDI.
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