PLANO 1: ANÁLISE DO APEGO ENTRE MÃE E FILHO E O DIAGNÓSTICO DE DEPRESSÃO PÓS-PARTO EM MÃES COM 3 MESES DE PUERPÉRIO QUE FORAM E QUE NÃO FORAM INFECTADAS PELO COVID-19 DURANTE A GESTAÇÃO
INTRODUÇÃO: Um apego mãe-filho inadequado está associado ao desenvolvimento de problemas psiquiátricos em todas as etapas da vida. Um dos fatores que pode comprometer a construção de um apego mãe-filho adequado é a depressão pós-parto (DPP). Sabe-se que durante a pandemia de COVID-19 ocorreu um aumento da prevalência de DPP. Assim, passa a ser uma questão relevante avaliar o impacto que a infecção de SARS-CoV-2 pela mãe durante a gestação tem sobre o diagnóstico de depressão pós-parto e o desenvolvimento do apego entre mãe e filho. OBJETIVOS: Este estudo observacional tem como objetivo analisar o apego entre mãe e filho e o diagnóstico de DPP em mães que foram e que não foram infectadas por SARS-CoV-2 durante a gestação. MATERIAIS E MÉTODO: Participaram do estudo 87 puérperas que foram (n=32) ou não (n=55) diagnosticadas com COVID-19 durante a gestação e seus respectivos recém-nascidos, selecionados do ambulatório de especialidades da PUC-Londrina e que foram entrevistadas durante a avaliação de 3 meses de puerpério. Os critérios de inclusão foram mulheres com mais de 18 anos que tiveram ou não infecção por SARS-Cov-2 durante a gravidez. Os critérios de exclusão incluíram puérperas que perderam o seguimento do estudo e mulheres com algum problema cognitivo grave que dificultasse a compreensão do questionário. Os dados foram coletados através de questionários constando dados clínicos e sociodemográficos. Foi utilizada a escala Maternal Postnatal Attachment Scale (MPAS) para a avaliação do apego mãe-filho e a Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo (EPDS) para a avaliação da DPP (EPDS ≥ 12). Todas as participantes assinaram o termo de consentimento ético aprovado pela instituição. RESULTADOS: Os resultados mostraram que não houve diferença estatística quando comparado o grupo de mães diagnosticadas com COVID-19 com o grupo controle em relação ao diagnóstico de DPP (p=0,092) e em relação ao escore total da MPAS (p=0,830) na avaliação de 3 meses do lactente. Na amostra geral, a prevalência de DPP foi de 17,4%. Em relação aos sintomas psiquiátricos durante a infecção por SARS-CoV-2 nas mães infectadas, a maioria referiu medo de que algo ruim pudesse acontecer com seu bebê (94,6%), presença de sintomas ansiosos (57,9%) e preocupação excessiva (55,3%). As mães infectadas por SARS-CoV-2 tiveram significativamente mais gestações planejadas (p=0,012); menor mediana de tempo gestacional ao nascimento (p=0,029) e maior percentual de cesarianas (p=0,004) quando comparadas com o grupo controle. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Não foi observada diferença estatística significativa no diagnóstico de DPP avaliado pela escala EPDS e nas pontuações de apego mãe-filho avaliado pela escala MPAS entre puérperas que foram e não foram diagnosticadas com COVID-19 durante a gestação aos 3 meses de puerpério. Contudo, o estudo revelou que as mães infectadas por SARS-CoV2 apresentaram alta prevalência de sintomas ansiosos e medo em relação ao bebê, sugerindo um forte impacto emocional do diagnóstico de COVID-19 nessas gestantes. Assim, estudos com amostras maiores e com avaliações em diferentes fases do puerpério são recomendados para que se aprofunde a compreensão sobre os efeitos da pandemia na saúde mental perinatal.
PALAVRAS-CHAVE: Apego Materno-infantil; Depressão Pós-Parto; Sars-CoV-2; COVID-19.
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