AVALIAÇÃO DO IMPACTO DA COVID-19 SOBRE O FUNCIONAMENTO ADAPTATIVO DE CRIANÇAS CUJAS MÃES FORAM INFECTADAS PELO SARS-COV2 DURANTE A GRAVIDEZ: APLICAÇÃO DA INVENTÁRIO DE COMPORTAMENTO PARA CRIANÇAS (CBCL)
INTRODUÇÃO: Durante o desenvolvimento intrauterino bases neuronais são formadas, sendo um período sensível a influências externas, como infecções virais maternas. Inúmeros estudos se concentraram nos riscos imediatos da contaminação pelo SARS-CoV-2. No entanto, poucos investigaram as implicações a longo prazo, especialmente na prole de mães contaminadas durante a gestação. OBJETIVOS: Este estudo descritivo observacional tem como objetivo monitorar o desenvolvimento de crianças de 2 anos de idade cujas mães foram expostas (grupo COVID) ou não expostas (grupo controle) ao SARS-CoV-2 durante a gestação MATERIAIS E MÉTODO: Participaram do estudo 43 mães, das quais 20 pertencem ao grupo controle e 23 foram infectadas pelo COVID-19. A amostra foi recrutada no ambulatório acadêmico de obstetrícia da PUCPR – Campus Londrina e em unidades básicas de saúde dos municípios de Londrina/PR e Cambé/PR. Os critérios de inclusão foram mulheres que apresentaram teste (RT-PCR) positivo para COVID-19 durante a gravidez. Os critérios de exclusão incluíram gestantes que evoluíram para aborto, além de mulheres com história de abuso de substâncias, violência doméstica ou doença mental. O grupo controle foi formado por gestantes sem histórico de infecção por COVID-19 durante a gestação. Para a avaliação do comportamento adaptativo das crianças foi utilizado o Inventário de Comportamento para Crianças (Child Behavior Checklist – CBCL 1½-5). Todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos. RESULTADOS: Tendências de maior vulnerabilidade emocional e comportamental foram observadas na amostra infectada aos 24 meses. Na escala sindrômica de reatividade emocional, 80,95% das crianças do grupo COVID e 78,94% do grupo controle apresentaram pontuações dentro da faixa normativa. Na escala “ansiedade/depressão”, 30,43% das crianças do grupo COVID apresentaram pontuações limítrofes ou clínicas, enquanto o grupo controle não pontuou. Em “isolamento”, 17,38% do grupo infectado apresentaram sinais considerados preocupantes, comparado à 0% do grupo controle. Ainda, em “comportamento agressivo”, apenas o grupo COVID pontuou na faixa clínica (4,76%). CONSIDERAÇÕES FINAIS: Apenas o grupo COVID apresentou casos na maioria das faixas clínicas, em escalas como: reatividade emocional, ansiedade/depressão, isolamento, comportamento agressivo. Isso reforça a hipótese de que a infecção materna por SARS-CoV-2 pode ter efeitos específicos em subgrupos de crianças, mesmo que a maioria se mantenha dentro dos padrões de normalidade. Dessa forma, recomenda-se outros estudos para melhor compreensão e avaliação do desenvolvimento dessa população.
PALAVRAS-CHAVE: Comportamento adaptativo; Children Behavior Checklist (CBCL 1½-5); SARS-CoV-2; COVID-19; Gestação.
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