ANÁLISE DO TRATAMENTO DA LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA AGUDA (LLA) EM UM HOSPITAL DO CÂNCER COM O PROTOCOLO BFM-2009
INTRODUÇÃO: A Leucemia Linfoide Aguda (LLA) é a neoplasia pediátrica mais frequente, com tratamento baseado em protocolos de poliquimioterapia e risco de recidiva significativo. No Brasil, os protocolos mais utilizados são o GBTLI (Grupo Brasileiro de Tratamento da Leucemia Infantil) e o BFM (Berlim-Frankfurt-Münster), que diferem principalmente na classificação de risco e na dosagem das drogas. OBJETIVOS: Avaliar retrospectivamente o regime de tratamento baseado no protocolo BFM quanto às taxas de sobrevida global e livre de eventos, e recidiva em pacientes pediátricos com LLA tratados em um hospital terciário no norte do Paraná. MATERIAIS E MÉTODO: Estudo retrospectivo observacional, incluindo 92 pacientes pediátricos com diagnóstico de LLA tratados no Hospital do Câncer de Londrina entre 2018 e 2025. As análises estatísticas foram conduzidas por meio de curvas de Kaplan-Meier, teste de log-rank, qui-quadrado e correlação de Spearman, adotando nível de significância de p < 0,05. RESULTADOS: A maioria dos pacientes era do sexo masculino, com idade média de 6,9 anos, e apresentava com maior frequência LLA tipo B. Aproximadamente 50% necessitaram de internação em UTI, 13% foram submetidos a transplante de medula óssea, 16% apresentaram recidiva e 36% evoluíram a óbito, sendo a maioria por eventos infecciosos. Todos os desfechos analisados (recidiva, necessidade de UTI, transplante de medula óssea e óbito) foram inferiores nos pacientes tratados com o protocolo BFM em comparação ao GBTLI. Observou-se associação significativa entre óbito relacionado à infecção e menor sobrevida (qui-quadrado = 9,56; p = 0,002). Houve ainda correlação positiva entre o maior número de doses intratecais e maior tempo até a recaída (rho = 0,399; p = 0,005) e maior tempo de sobrevida (rho = 0,786; p < 0,001). CONSIDERAÇÕES FINAIS: O protocolo BFM-2009 demonstrou eficácia no tratamento da LLA pediátrica em comparação ao GBTLI, apresentando menores taxas de recidiva, necessidade de UTI, transplante e óbito. A elevada mortalidade relacionada a infecções ressalta a importância de estratégias de suporte clínico adicionais, capazes de impactar os desfechos de forma mais expressiva do que a toxicidade quimioterápica isolada.
PALAVRAS-CHAVE: Leucemia Linfoide Aguda; Protocolo BFM; Recidiva; Prognóstico; Infecção.
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